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Educação

Realizações de Gilberto Kassab na Educação (2006–2012)

A expansão da Rede Escolar e a eliminação das “Escolas de Lata” foram algumas das inúmeras mudanças implantadas durante a gestão

acoes-gk | 09 junho 2025

Realizações de Gilberto Kassab na Educação (2006–2012)

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Realizações de Gilberto Kassab na Educação (2006–2012)

Gilberto Kassab exerceu o cargo de prefeito de São Paulo entre 2006 e 2012, período no qual implementou uma série de políticas e projetos voltados à educação municipal. Este relatório detalha, em capítulos temáticos por iniciativa ou projeto, as principais realizações de Kassab na área educacional. Para cada iniciativa são abordados o contexto histórico em que surgiu, a origem do problema enfrentado, a concepção da solução, seu desenvolvimento e execução, a análise de impacto (com dados relevantes, como número de beneficiários e escala das ações) e eventuais recordes históricos atingidos. Quando aplicável, também são mencionados os desdobramentos e o legado dessas políticas após o término de seu mandato, contextualizando efeitos posteriores.

Expansão da Rede Escolar e Eliminação das “Escolas de Lata”

Contexto e Origem da Necessidade

No início dos anos 2000, a rede municipal de ensino de São Paulo sofria com grave déficit de infraestrutura escolar. Dezenas de escolas funcionavam em construções precárias de metal – as chamadas “escolas de lata” – e milhares de alunos assistiam aula em um terceiro turno improvisado no horário de almoço, conhecido como “turno da fome”. Essas soluções emergenciais haviam sido adotadas na década de 1990 para contornar a falta de vagas, mas até 2004 ainda marcavam a realidade da educação paulistana. Havia, portanto, uma necessidade urgente de ampliar e qualificar a rede física de ensino, substituindo estruturas inadequadas e reduzindo a superlotação e os turnos intermediários que comprometiam a qualidade do ensino.

Concepção da Solução Proposta

Ao assumir a prefeitura em 2006, Kassab estabeleceu como prioridade a expansão e melhoria da infraestrutura escolar. Ele concebeu um amplo programa de construção de escolas e de Centros Educacionais Unificados (CEUs) nas regiões periféricas, a fim de criar mais vagas e ambientes adequados de aprendizagem. A ideia central era acelerar a construção de novas escolas em alvenaria para aposentar de vez as unidades de lata, ao mesmo tempo em que se investiria nos CEUs – grandes complexos com escola, esporte e cultura integrados – para levar educação integral e outros serviços às comunidades carentes. Esse esforço seria acompanhado de melhorias na jornada escolar, com a meta declarada de eliminar o “turno da fome” (terceiro turno) nas escolas municipais.

Desenvolvimento e Execução da Política

A gestão Kassab deu andamento acelerado ao programa de obras escolares. Houve continuidade e expansão do projeto dos CEUs, iniciado na gestão anterior, incorporando aprimoramentos de projeto e participação da comunidade local. Por exemplo, no CEU Heliópolis – inaugurado em 2008 na maior favela de São Paulo – o projeto arquitetônico de Ruy Ohtake contou com a colaboração dos moradores, integrando o centro educacional ao processo de urbanização do bairro. Equipes dedicadas na Secretaria Municipal de Educação e de Obras atuaram para erguer novas unidades em todas as regiões, priorizando bairros com maior déficit de vagas.

Paralelamente, conforme novas escolas ficavam prontas, implementou-se a desativação progressiva das escolas de lata e a reorganização dos turnos escolares. As unidades improvisadas em galpões metálicos foram substituídas por prédios escolares definitivos, e as antigas turmas do horário de almoço foram redistribuídas nos turnos regulares de manhã e tarde conforme a rede ampliava sua capacidade. Kassab também determinou que todas as novas escolas fossem construídas de acordo com normas de acessibilidade, assegurando infraestrutura inclusiva para alunos com deficiência.

Impacto e Recordes Históricos

O programa de expansão da rede resultou em uma melhoria expressiva na oferta de vagas e nas condições físicas das escolas municipais. Alguns números ilustram a escala desse impacto:

  • 273 novas escolas municipais foram inauguradas entre 2006 e 2012, e outras 72 unidades estavam com obras em fase final ao término do mandato. Esse volume de construção representou uma das maiores expansões já vistas no período de uma gestão.
  • 25 novos CEUs foram entregues à população, elevando para 45 o número total de CEUs na cidade (eram 20 em 2004). Esses centros passaram a atender comunidades antes desprovidas de equipamentos educacionais e culturais de grande porte.
  • As “escolas de lata” foram totalmente erradicadas da rede municipal: de 51 unidades de lata em 2004, restaram 0 em 2012. Consequentemente, nenhum aluno passou a estudar em galpões metálicos insalubres – um marco histórico para São Paulo.
  • O terceiro turno escolar praticamente acabou: em 2004, cerca de 80% dos alunos do ensino fundamental estavam no chamado turno do almoço; em 2012 esse número despencou para apenas 6%. Em termos absolutos, houve redução de aproximadamente 689 mil alunos cursando o “turno da fome” em 2004 para cerca de 34 mil em 2012. Isso representa uma redução de 95% no número de crianças submetidas a jornada reduzida no horário de almoço.
  • A jornada diária dos estudantes foi ampliada: nas escolas onde o turno intermediário foi extinto, cada turno regular (manhã/tarde) ganhou uma hora a mais de aula por dia, passando de 4 para 5 horas de duração. Essa expansão do tempo escolar contribuiu para melhorar o aproveitamento dos alunos.

Com esses resultados, Kassab cumpriu a promessa de eliminar as estruturas de lata e quase extinguir o terceiro turno, resgatando a dignidade do ambiente escolar para centenas de milhares de crianças. A iniciativa ficou marcada como um dos maiores programas de infraestrutura educacional da cidade, atingindo recordes como o maior número de escolas entregues em um só mandato e a completa erradicação de escolas precárias metálicas.

Legado e Continuidade

O legado dessa expansão física perdura além de 2012. As escolas construídas continuam em funcionamento, beneficiando gerações subsequentes de alunos. Os CEUs estabelecidos tornaram-se polos permanentes de educação integral, cultura e lazer nas periferias, muitos ativos até hoje com programas comunitários. Governos posteriores mantiveram o enfoque em ampliar a rede, embora em ritmo variado. A eliminação das escolas de lata se mostrou definitiva – tais estruturas não voltaram mais a ser usadas pela Prefeitura. Já a questão dos turnos intermediários teve continuidade: a meta de oferecer gradualmente educação em tempo integral ganhou força nos anos seguintes, apoiada pela infraestrutura ampliada. Em suma, Kassab deixou uma base física mais sólida para a educação paulistana, facilitando que gestões futuras investissem na qualidade do ensino em vez de apenas suprir carências estruturais.

Maior Expansão de Vagas em Creches da História de São Paulo

Contexto e Origem do Problema

No início da gestão Kassab, São Paulo enfrentava uma grave insuficiência de vagas em creches (educação infantil de 0 a 3 anos). Historicamente, a oferta pública para essa faixa etária sempre ficou aquém da demanda, deixando dezenas de milhares de famílias em lista de espera. Em 2005, estimava-se que cerca de 60 mil crianças de até 4 anos estavam matriculadas em creches municipais, enquanto um número quase igualmente grande aguardava vagas. A pressão social por mais creches vinha crescendo, impulsionada pelo aumento de mães no mercado de trabalho e por decisões judiciais que reconheciam a educação infantil como um direito da criança. Em 2008, durante a campanha de reeleição, Kassab prometeu zerar o déficit de creches, sinalizando a prioridade dada ao tema. Assim, o enorme déficit de atendimento na educação infantil e as filas de espera crescentes configuravam o problema que a gestão precisava enfrentar.

Concepção da Solução Proposta

Reconhecendo a demanda por creches como um dos problemas mais graves da cidade, Kassab concebeu uma estratégia dupla: ampliar maciçamente a oferta direta de vagas construindo novas creches públicas e, simultaneamente, firmar convênios com creches privadas, comunitárias ou filantrópicas para expandir o atendimento de forma mais rápida. Essa abordagem combinada visava usar todos os meios disponíveis para criar vagas em larga escala. Para viabilizá-la, Kassab determinou um incremento expressivo no orçamento destinado à educação infantil, de modo que houvesse recursos suficientes para construir unidades, ampliar parcerias e manter as novas matrículas. A solução proposta, portanto, consistia em investimento financeiro robusto aliado a múltiplas frentes de expansão de vagas, com o objetivo de atingir a universalização gradual do atendimento na primeira infância.

Desenvolvimento e Execução da Política

A partir de 2006, a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Educação, lançou um plano agressivo de expansão de creches. Foram identificados terrenos e prédios ociosos para instalação de novos Centros de Educação Infantil (CEIs) e creches municipais, sobretudo em áreas de grande demanda. Conjuntamente, ampliou-se a política de convênios: organizações sociais, ONGs, igrejas e outras entidades foram incentivadas a criar ou ampliar creches conveniadas, recebendo recursos públicos para cada criança atendida. Kassab multiplicou por oito os recursos orçamentários para a educação infantil ao longo de seu governo, garantindo financiamento para essas iniciativas.

Entre 2005 e 2012, houve inaugurações contínuas de novas creches e assinatura de dezenas de convênios. A Prefeitura também inovou na gestão, criando um mapeamento da demanda para direcionar as vagas onde a fila era maior. Em 2011, Kassab tomou a medida de rebaixar a idade de ingresso na pré-escola de 4 para 3 anos completos, transferindo as crianças de 3 anos para as creches. Com essa mudança – parte da chamada universalização da pré-escola –, a educação infantil passou a atender crianças de 0 a 3 anos (creche) e 4 a 5 anos (pré-escola), o que adequou São Paulo à meta nacional de universalizar a pré-escola (4-5 anos) antes de 2016. Essa medida teve dupla função: garantir pré-escola a todas as crianças de 4-5 anos e, ao mesmo tempo, expandir o direito à creche para as de 3 anos, aumentando ainda mais a demanda por vagas de creche – demanda esta que a gestão buscou suprir com a rede ampliada.

Impacto e Recordes Históricos

Os esforços de Kassab resultaram na maior expansão de vagas em creches da história da cidade até então. Os números comprovam o alcance da política:

  • Número de matrículas em creches cresceu 250% em sete anos: passou de cerca de 60 mil crianças atendidas em 2005 para mais de 210 mil em 2012. Foram cerca de 150 mil novas vagas criadas em creches, um aumento sem precedentes, equivalente à população de uma cidade média. Esse salto quantitativo configura um recorde histórico de expansão da educação infantil no município.
  • Rede de unidades de educação infantil ampliada: o número de creches (diretas e conveniadas somadas) subiu de 870 unidades em 2004 para 1.520 em 2012. Ou seja, foram cerca de 650 novas unidades de creche incorporadas à rede nesse período, tanto por construções quanto por convênios, aproximando a oferta das comunidades.
  • Prioridade orçamentária para a primeira infância: o orçamento anual destinado à educação infantil saltou de R$ 170 milhões em 2004 para cerca de R$ 1 bilhão em 2012. Essa alocação permitiu custear novos convênios e unidades, e representou aproximadamente 15% de todo o orçamento da educação no final da gestão. A expansão orçamentária demonstra o foco inédito dado às creches durante a gestão Kassab.
  • Universalização da pré-escola antecipada: a partir de 2011, todas as crianças de 4 e 5 anos passaram a ter direito garantido a vaga em pré-escola, já que as de 3 anos migraram para creches. Com isso, São Paulo se adiantou à exigência nacional (que fixava 2016 como limite) e assegurou a oferta de pré-escola para praticamente 100% das crianças em idade correspondente.

Legado e Efeitos Posteriores

A expansão de creches realizada por Kassab lançou as bases para que gestões posteriores dessem continuidade ao esforço de atender a demanda reprimida. Em 2013, já no governo seguinte, a Justiça determinou que a Prefeitura criasse mais 150 mil vagas em educação infantil até 2016 (sendo 101 mil em creches) justamente tomando como referência o déficit remanescente de 2012. Ou seja, a cidade precisava de uma nova rodada de expansão de magnitude semelhante para chegar à universalização do atendimento de 0 a 3 anos.

Em termos de legado, Kassab demonstrou ser possível ampliar drasticamente a oferta de creches em poucos anos, algo antes considerado inviável. Seu programa estabeleceu um novo patamar de investimento e mobilização na primeira infância. Muitos dos convênios firmados em sua gestão continuaram ativos nos anos seguintes, e as unidades construídas permaneceram em operação, absorvendo novas turmas. Além disso, a mudança de diretriz que levou as crianças de 3 anos para as creches influenciou a organização da educação infantil dali em diante, consolidando a pré-escola como etapa de 4-5 anos universalizada. Em síntese, a marca histórica de 150 mil novas vagas não apenas atendeu milhares de famílias no período Kassab, mas também forçou a continuidade de políticas públicas robustas na área, sob pena de retrocesso no atendimento – um efeito perene em prol da educação infantil em São Paulo.

Valorização dos Professores e Carreira do Magistério

Contexto e Origem da Necessidade

No início da gestão, além dos desafios de infraestrutura e acesso, a educação municipal enfrentava dificuldades relativas à valorização e motivação do corpo docente. Os salários dos professores da rede estavam defasados e pouco atrativos, especialmente se comparados a redes estaduais ou a outros municípios da região metropolitana. Em 2004, por exemplo, um professor municipal com jornada de 40 horas semanais ganhava cerca de R$ 1.215 por mês, nível considerado baixo para o custo de vida paulistano. Havia também necessidades de formação continuada e incentivo para melhorar a qualidade do ensino. A baixa remuneração e reconhecimento insuficiente afetavam a autoestima do professorado e podiam comprometer a qualidade educativa, visto que o professor é o agente central do processo de ensino-aprendizagem. Assim, a demanda por valorização do magistério – via melhores salários, oportunidades de capacitação e reconhecimento profissional – era um problema evidente a ser enfrentado.

Concepção da Solução Proposta

Kassab entendeu que investir em prédios e equipamentos não seria suficiente sem investir, em paralelo, nas pessoas responsáveis por educar. Por isso, elaborou um plano abrangente de valorização dos professores, a ser implementado concomitantemente ao programa de obras. A solução proposta tinha três frentes principais: reajustar significativamente os salários do magistério, ampliar as oportunidades de capacitação e formação continuada e criar mecanismos de reconhecimento e incentivo aos educadores. Em termos salariais, a meta era recuperar as perdas e tornar a carreira municipal mais atrativa, com aumentos bem acima da inflação. Em relação à formação, planejou-se ofertar cursos de aperfeiçoamento, parcerias com universidades e estímulo à qualificação dos docentes. Por fim, para melhorar a motivação, pensou-se em programas específicos de premiação e homenagens (como veremos no próximo tópico sobre o programa “Valeu, Professor”). Essa concepção integrava valorização financeira e simbólica, visando melhorar o clima organizacional e, em última instância, a qualidade do ensino.

Desenvolvimento e Execução da Política

Ao longo do mandato, Kassab implementou sucessivos reajustes salariais e reestruturações na carreira do magistério municipal. Entre 2005 e 2012, o piso salarial dos professores municipais mais que dobrou, resultado de aumentos anuais e planos de carreira negociados com a categoria. Em números: aquele salário base de R$ 1.215 em 2004 evoluiu para R$ 2.600 mensais no final de 2012, representando um reajuste nominal de 114% no período, muito acima da inflação acumulada (cerca de 35% pelo índice FIPE). Segundo dados divulgados pela gestão, considerando os docentes da “rede direta” (escolas públicas municipais), o aumento médio foi de 71,1% no salário entre 2006 e 2012, evidenciando um substancial ganho real para os professores.

Paralelamente aos reajustes, a Prefeitura ofereceu oportunidades de capacitação profissional. Houve convênios com instituições de ensino superior para formação continuada de professores, seminários pedagógicos e incentivo à participação em cursos de especialização. A Secretaria Municipal de Educação disponibilizou materiais didáticos e apoio técnico para aprimorar as práticas em sala de aula, como parte de um esforço de melhoria da qualidade do ensino alinhado à valorização docente.

A gestão também criou novas formas de reconhecer e motivar os profissionais da educação. Um destaque foi a instituição de gratificações por desempenho educacional, premiando escolas ou equipes pedagógicas que atingissem metas de melhoria (por exemplo, avanços em avaliações de aprendizagem). Além disso, Kassab sancionou leis garantindo benefícios aos professores, como o Cartão do Educador, que oferecia 20% de desconto na compra de livros para docentes da rede, incentivando o aprimoramento cultural e profissional.

Impacto e Resultados

As medidas de valorização do magistério trouxeram vários resultados positivos:

  • Melhora da remuneração e poder aquisitivo: Os professores municipais tiveram ganhos salariais reais expressivos. Como citado, o salário-base praticamente dobrou em termos reais entre 2005 e 2012. Essa recuperação salarial contribuiu para reduzir a evasão de docentes para redes com salários melhores e tornou a carreira na Prefeitura de São Paulo mais atraente para novos talentos.
  • Reconhecimento do professor como protagonista: Ao enfatizar a importância do professor (“principal personagem do sistema de educação”) e criar programas de reconhecimento (vide “Valeu, Professor” abaixo), a gestão elevou a moral da categoria. Houve maior engajamento dos docentes em projetos pedagógicos e adesão a programas de formação quando sentiram-se mais valorizados e ouvidos pela administração.
  • Estabilidade e menor conflictualidade: Embora greves e reivindicações façam parte da dinâmica sindical, durante a gestão Kassab não ocorreram paralisações prolongadas na educação municipal, diferentemente de períodos anteriores. Os reajustes negociados e o diálogo com os sindicatos contribuíram para um ambiente de relativo equilíbrio, beneficiando a continuidade das atividades escolares.
  • Formação continuada institucionalizada: Consolidaram-se programas de capacitação docente que perduraram além de 2012, como cursos regulares de atualização pedagógica. Muitos professores aprimoraram sua formação (pós-graduação, especializações) com incentivo ou subsídios indiretos, o que repercute na qualidade das aulas.

Em termos de recordes, pode-se citar que esse período registrou um dos maiores aumentos salariais proporcionais já concedidos aos professores municipais em intervalo de um mandato. O ganho real acima de 70% é notável em comparação a gestões anteriores. A valorização do magistério, associada à expansão da rede, foi reconhecida como fundamental para a melhora de diversos indicadores educacionais posteriormente observada (como veremos na seção sobre qualidade e IDEB).

Legado e Continuidade

O enfoque na valorização dos professores estabeleceu um novo patamar para a carreira municipal. Os salários reajustados serviram de base para negociações futuras, e nenhum gestor pôde ignorar a importância de manter ao menos a correção inflacionária e condições dignas para os docentes sem enfrentar forte pressão. Programas de formação continuada e reconhecimento implantados nessa época criaram uma cultura de aperfeiçoamento constante, absorvida em maior ou menor grau pelas gestões seguintes. Por exemplo, a prática de conceder bônus ou prêmios por resultados educacionais continuou a ser debatida e ajustada nos anos seguintes.

Em suma, Kassab deixou como legado um magistério municipal mais valorizado financeiramente e socialmente. Isso ajudou a fixar profissionais qualificados na rede e lançou as bases para iniciativas futuras de melhoria do ensino, já que professores motivados e capacitados são condição essencial para a sustentabilidade de qualquer reforma educacional.

Programa “Valeu, Professor“: Homenagem e Incentivo ao Educador

Contexto e Origem da Iniciativa

Mesmo com melhorias salariais, Kassab identificou que faltava na rede municipal um programa de reconhecimento simbólico e motivacional aos educadores. Tradicionalmente, o Dia do Professor (15 de outubro) era celebrado de forma pontual nas escolas, mas não havia um esforço coordenado em nível de prefeitura para homenagear e oferecer lazer e cultura aos professores. Diante disso, e visando elevar a autoestima do magistério, a Secretaria de Educação concebeu em 2009 uma iniciativa inédita de celebração e valorização simbólica dos educadores municipais.

Concepção e Ideia da Solução

A solução proposta foi a criação do Programa “Valeu, Professor”, uma espécie de festival anual dedicado aos docentes da rede municipal. A ideia era proporcionar aos professores momentos de lazer, cultura, entretenimento e benefícios especiais, como forma de agradecimento pelo seu trabalho. Concebeu-se um evento a ser realizado próximo ao mês do professor (outubro), com extensa programação gratuita para os educadores e suas famílias, espalhada por várias regiões da cidade. Junto a isso, o programa incluiria vantagens permanentes, como descontos em livros (por meio do Cartão do Educador, já mencionado). Em essência, tratava-se de institucionalizar a valorização simbólica, mostrando aos professores que a cidade reconhece seu valor não apenas com salário, mas também com respeito e celebração pública.

Desenvolvimento e Execução do Programa

O Programa Valeu, Professor foi lançado oficialmente em 2009, no primeiro ano do segundo mandato de Kassab. A prefeitura, através da Secretaria Municipal de Educação, organizou uma maratona de atividades de mais de 24 horas de duração, realizada em 2 e 3 de outubro de 2009, que se espalhou por todas as regiões de São Paulo. Nesses dias, mais de 100 eventos gratuitos foram promovidos especialmente para os educadores. As atividades incluíram shows musicais, espetáculos de teatro e dança, sessões de cinema, exposições, eventos gastronômicos, atividades lúdicas e esportivas, entre outras atrações culturais. A programação foi desenhada para atender aos diversos gostos e faixas etárias, permitindo que os professores usufruíssem do lazer tanto individualmente quanto em família.

A prefeitura mobilizou parcerias com equipamentos culturais (como centros culturais, museus, teatros) e contou com patrocinadores para viabilizar a estrutura do evento. Além das atividades festivas, foram distribuídos materiais informativos e cartões de desconto. O Cartão do Educador, por exemplo, foi lançado como parte do programa, garantindo 20% de desconto na compra de livros em diversas livrarias para todos os professores da rede municipal.

Nos anos subsequentes (2010, 2011 e 2012), o Valeu, Professor foi repetido, incorporando novas atrações e expandindo o alcance. Tornou-se um evento fixo no calendário da cidade, abrindo oficialmente o “mês da Educação” em outubro. A cada edição, milhares de educadores participavam das atividades, com cobertura da mídia local e depoimentos de professores sobre a importância daquele momento de reconhecimento.

Impacto e Resultados

O Valeu, Professor teve impactos significativos no moral e na integração dos educadores da rede:

  • Reconhecimento público do magistério: Pela primeira vez, os professores sentiram-se celebrados em grande escala. O evento enviou à sociedade a mensagem de que o papel do professor é importante e digno de homenagem. Essa valorização pública ajudou a melhorar a imagem da carreira e o orgulho de pertencer à rede municipal.
  • Benefícios culturais e motivacionais: Centenas de professores aproveitaram shows e atividades culturais, muitos acessando bens culturais que raramente consumiam devido a restrições financeiras ou de tempo. Houve relatos de professores emocionados por serem homenageados dessa forma, o que elevou a motivação no trabalho após o evento.
  • Engajamento e sentimento de comunidade: Os encontros nos eventos permitiram que professores de diferentes escolas e regiões interagissem e trocassem experiências em um contexto descontraído. Isso fortaleceu o sentimento de pertencimento a uma comunidade maior de educadores na cidade.
  • Estímulo à leitura e atualização: A distribuição do Cartão do Educador incentivou muitos professores a comprarem livros para uso pessoal ou em sala de aula aproveitando o desconto. Com isso, o programa também cumpriu um papel de fomentar o desenvolvimento profissional contínuo, ainda que de forma indireta, ao facilitar acesso a livros e materiais educativos.

Em termos de alcance numérico, embora seja difícil mensurar precisamente quantos dos cerca de 60 mil docentes da rede participaram, as estimativas indicaram que dezenas de milhares de professores foram beneficiados pelas atividades ou pelos descontos a cada edição do programa. Esse caráter massivo faz do Valeu, Professor uma iniciativa singular no país naquele momento.

Legado e Continuidade

O programa Valeu, Professor criou um precedente de políticas de valorização simbólica do magistério. Após 2012, a gestão seguinte manteve a tradição de celebrar o Dia do Professor com eventos especiais, embora com formatos diferentes (em 2013, por exemplo, a nova administração realizou shows em homenagem aos docentes). O conceito de oferecer benefícios exclusivos, como descontos em bens culturais, também foi adotado de outras formas posteriormente.

Assim, pode-se dizer que o legado do Valeu, Professor foi institucionalizar a ideia de que professores merecem mais do que salários – merecem reconhecimento social e oportunidades de enriquecimento cultural. Muitos professores veteranos recordam até hoje positivamente essas edições de 2009-2012, e o termo “Valeu, Professor” tornou-se sinônimo de valorização docente em São Paulo, sendo referenciado inclusive em discursos políticos posteriores sobre educação. A iniciativa transcendeu o mandato de Kassab ao deixar plantada na cultura administrativa a importância de celebrar quem educa.

Educação Integral: Fim do Turno da Fome e Programa Ampliar

Contexto e Origem da Necessidade

Conforme mencionado, São Paulo historicamente operava com jornadas escolares reduzidas devido à falta de vagas, o que levava à existência de três turnos diários (manhã, intermediário e tarde) no ensino fundamental. O chamado “turno da fome” – no horário do almoço – tinha aulas mais curtas e condições menos adequadas, prejudicando o aprendizado. Mesmo com a eliminação paulatina desse terceiro turno (graças à construção de escolas, já descrita), persistia o desafio de ampliar o tempo que os alunos passavam na escola para aproximar-se de um modelo de educação integral. Pesquisas em educação indicam que jornadas ampliadas, com atividades extraclasse, tendem a melhorar o desenvolvimento dos alunos, especialmente em comunidades vulneráveis onde a escola frequentemente é o principal espaço de oportunidades. Assim, a origem da necessidade estava na busca por ampliar a carga horária diária dos estudantes e oferecer um currículo mais abrangente, indo além das disciplinas básicas, mesmo após o fim do turno intermediário.

Concepção da Solução Proposta

Visando avançar rumo à educação em tempo integral, Kassab concebeu o Programa “Ampliar”, desenhado para aumentar a permanência diária dos alunos do ensino fundamental nas escolas municipais para até 7 horas. A ideia era aproveitar a capacidade extra criada com a eliminação do terceiro turno: com apenas dois turnos regulares operando, as escolas teriam salas e estrutura disponíveis no contraturno. O programa consistiria em ofertar, no contraturno escolar, atividades complementares de esporte, cultura e lazer para os alunos, estendendo o tempo deles na escola de forma educativa. Diferente de simplesmente aumentar aulas formais, o Ampliar proporcionaria oficinas, práticas esportivas, aulas de arte, reforço escolar e outras atividades atrativas, mantendo as crianças mais tempo em ambiente protegido e enriquecedor. Dessa forma, a solução unia dois objetivos: mitigar riscos sociais no tempo livre das crianças e reforçar a aprendizagem e desenvolvimento integral por meio de atividades adicionais.

Desenvolvimento e Execução da Política

O Programa Ampliar foi implementado gradualmente. A Secretaria Municipal de Educação realizou um mapeamento das escolas e regiões prioritárias – particularmente aquelas em áreas de maior vulnerabilidade social – para iniciar o programa. Espaços como quadras, pátios, salas ociosas no contraturno e os CEUs foram utilizados para as atividades ampliadas. A Prefeitura contratou monitores e instrutores (muitas vezes em parceria com ONGs ou organizações esportivas/culturais) para conduzir as oficinas no contraturno.

As atividades oferecidas incluíram, por exemplo: práticas esportivas (futebol, atletismo, ginástica), oficinas de música, teatro e dança, aulas de informática básica, rodas de leitura, xadrez e jogos educativos, além de reforço em língua portuguesa e matemática para alunos com dificuldades. O programa funcionava de forma voluntária – os pais inscreviam os filhos para permanecer além do turno regular. Em muitos casos, a escola fornecia também alimentação extra (lanche ou almoço) para os participantes, integrando com o programa de merenda.

Ao final do processo de implantação, mais de 260 mil alunos do Ensino Fundamental estavam participando do Ampliar e ficando até 7 horas por dia na escola graças a essas atividades complementares. Este número expressivo indica que praticamente 1 em cada 2 alunos da rede municipal de fundamental aderiu ao programa, já que a rede tinha cerca de 600 mil alunos nesse segmento. A amplitude do programa tornou-o uma das maiores iniciativas de jornada estendida em escolas públicas do país naquele momento.

Impacto e Resultados

Os impactos do Programa Ampliar foram múltiplos:

  • Aumento efetivo do tempo de aprendizagem: Alunos participantes passaram a ter cerca de 2 horas a mais por dia na escola, engajados em atividades educativas e recreativas. Essa exposição adicional contribuiu para melhorar o rendimento escolar de muitos, seja pelo reforço direto em conteúdos, seja pelo desenvolvimento de habilidades como disciplina, criatividade e trabalho em equipe por meio do esporte e artes.
  • Redução da exposição a riscos sociais: Em áreas carentes, o turno da tarde livre (para quem estuda de manhã) ou a manhã livre (para quem estuda à tarde) muitas vezes significava crianças na rua ou em casas sem supervisão. Com o Ampliar, milhares de crianças tiveram ocupação saudável e segura no contraturno, o que possivelmente ajudou a afastá-las de situações de violência, uso de drogas ou outras vulnerabilidades, embora esse impacto seja de difícil mensuração direta.
  • Formação integral do aluno: As atividades culturais e esportivas ampliaram repertórios. Alunos que nunca tiveram acesso a aulas de violão, teatro ou prática esportiva puderam descobrir talentos e ganhar autoconfiança. Esse enriquecimento curricular deu um passo na direção da educação integral, formando não apenas o lado cognitivo, mas também o físico, o artístico e o social dos estudantes.
  • Engajamento da comunidade escolar: O programa exigiu articulação entre direção, professores (muitos professores da própria escola contribuíam no contraturno) e comunidade. Em diversos bairros, pais relataram satisfação em ver os filhos mais tempo na escola. As escolas tornaram-se mais vivas ao longo do dia, e em alguns casos os CEUs serviram como base para receber alunos de escolas próximas nas atividades do contraturno.

Pode-se considerar um feito notável o alcance de mais de um quarto de milhão de alunos beneficiados pelo Ampliar, escala que coloca o programa como um dos maiores do gênero. Esse fato constitui um recorde local em termos de número de estudantes em atividades de jornada estendida na rede municipal.

Legado e Continuidade

O Programa Ampliar pavimentou o caminho para políticas permanentes de educação em tempo integral na cidade. Embora o nome Ampliar em si possa não ter sido mantido oficialmente na gestão seguinte, a ideia subjacente prosperou. A administração 2013-2016, por exemplo, lançou o programa “São Paulo Integral”, que visava implantar ensino integral em escolas, e utilizou em parte a infraestrutura e experiência adquirida com o Ampliar. Várias das atividades e parcerias do Ampliar continuaram nas escolas, adaptadas a novos formatos.

Em síntese, Kassab deixou como legado a demonstração de viabilidade de ampliar a jornada escolar no contexto paulistano, ainda que parcialmente. O sucesso do Ampliar em termos de adesão e satisfação abriu caminho para que, nos anos seguintes, mais escolas municipais adotassem jornadas de 7 horas ou até integrais (9 horas), perseguindo a meta de educação integral prevista no Plano Nacional de Educação. A consciência sobre a importância do tempo escolar ampliado aumentou na comunidade educativa de São Paulo graças a essa iniciativa.

Alimentação Escolar: Merenda de Qualidade e Programa Leve Leite

Contexto e Origem do Problema

A rede municipal de São Paulo possui um dos maiores programas de alimentação escolar do mundo, servindo refeições diariamente a mais de um milhão de alunos. Garantir a qualidade nutricional e sanitária dessa merenda, bem como otimizar custos, sempre foi um desafio. Em 2008, identificou-se a necessidade de melhorar a qualidade dos alimentos oferecidos e combater desperdícios e sobrepreços nos contratos de merenda. Havia denúncias de que os contratos anteriores não incentivavam a eficiência e que os preços pagos pela Prefeitura poderiam ser menores mediante concorrência. Além disso, outra frente ligada à alimentação escolar era o Programa Leve Leite, que fornecia leite em pó às crianças. Esse programa, criado em gestões passadas, enfrentava problemas logísticos – os professores perdiam tempo distribuindo latas de leite aos alunos e a qualidade do leite distribuído (desnatado) não atendia completamente às necessidades das crianças menores. Assim, surgiram duas necessidades: aprimorar a merenda escolar em termos de qualidade e custo, e aperfeiçoar a distribuição do leite para tornar o processo mais eficiente e o produto mais adequado.

Concepção da Solução Proposta

Para a merenda, Kassab decidiu realizar uma nova licitação unificada da alimentação escolar, buscando fornecedores com melhor relação custo-benefício e exigindo padrões nutricionais mais elevados. A ideia era que, por meio de um pregão competitivo, a Prefeitura poderia tanto economizar recursos quanto exigir das empresas melhorias nos cardápios (introdução de alimentos mais saudáveis, frescos, etc.). Quanto ao Leve Leite, a solução concebida foi mudar a forma de entrega do leite e elevar sua qualidade: ao invés de entregar as latas diretamente na escola para serem distribuídas pelos professores, o programa passaria a enviar o leite diretamente à casa dos alunos via correio. Além disso, trocaria o leite em pó desnatado por leite em pó integral de melhor qualidade nutricional, e adotaria fórmula láctea especial para os bebês menores de 1 ano. Essa concepção visava tanto ganhos pedagógicos (liberando o professor da função de distribuidor de leite, para focar no ensino) quanto melhor atendimento nutricional às crianças beneficiárias.

Desenvolvimento e Execução da Política

Em 2009, a Prefeitura lançou o edital de licitação da merenda escolar abrangendo toda a rede. Com ampla concorrência entre empresas especializadas, o resultado foi a contratação de novos fornecedores a preços mais vantajosos. Os contratos firmados a partir de 2009 reduziram em 22% o custo da merenda em comparação aos anteriores. Kassab enfatizou que a economia não seria feita às custas da qualidade – pelo contrário, exigiu-se no processo licitatório melhoria no valor nutricional e variedade das refeições servidas. Após a transição contratual, a Secretaria de Educação implementou um controle mais rigoroso, inclusive com nutricionistas supervisionando os cardápios e a preparação dos alimentos nas escolas.

No mesmo ano, reformulou-se o Programa Leve Leite. Foi estabelecida uma parceria com os Correios para a logística de entrega: cada aluno passou a receber, mensalmente, uma caixa de leite em pó entregue em seu endereço residencial. Em paralelo, alterou-se o tipo de leite distribuído: o fornecimento passou a ser de leite em pó integral enriquecido, mais adequado às necessidades infantis, substituindo o produto anterior. Para crianças menores de um ano, que não podem consumir leite de vaca convencional, passou-se a entregar fórmula infantil apropriada. Essa mudança exigiu cadastramento atualizado dos endereços dos alunos e uma campanha de comunicação para orientar os pais sobre o recebimento domiciliar.

Em 2010 e 2011, consolidaram-se essas mudanças. As escolas relataram que já não precisavam alocar funcionários e tempo no fim das aulas para distribuição de leite, pois este chegava direto às famílias. A merenda escolar, por sua vez, ganhou novos itens (frutas, legumes diversificados) e padronização em toda a rede.

Impacto e Resultados

As melhorias na alimentação escolar produziram resultados tangíveis:

  • Economia de recursos e reinvestimento: A nova licitação de 2009 resultou em preços 22% menores na merenda escolar, gerando uma economia considerável aos cofres municipais. Com isso, foi possível atender mais alunos e manter a quantidade e qualidade das refeições mesmo com o aumento de matrículas. Na prática, cerca de 1,8 milhão de refeições passaram a ser servidas por dia nas escolas municipais, atendendo desde creches até ensino fundamental, com custo menor por unidade e qualidade superior – um caso exitoso de otimização do gasto público.
  • Melhora nutricional e de paladar: Alunos e professores perceberam mudanças positivas no cardápio. Relatos apontam que pratos se tornaram mais saborosos e nutritivos, incluindo maior variedade de verduras, frutas e proteínas magras. A padronização garantiu equidade: todas as escolas passaram a seguir o mesmo alto padrão. Embora seja complexo medir impacto em indicadores de saúde, espera-se que a alimentação de melhor qualidade contribua para melhorar a concentração e a saúde dos alunos, reduzindo problemas como anemia e obesidade infantil no longo prazo.
  • Desburocratização e eficiência no Leve Leite: Com o leite entregue em casa, os professores ficaram liberados de uma tarefa logística, podendo dedicar o tempo integralmente às atividades-fim do ensino. Isso aumentou a eficiência do tempo escolar. As famílias passaram a receber o benefício de forma mais cômoda e confiável. Em 2012, último ano da gestão, foi distribuída em média 1,6 tonelada de leite em pó integral por mês às crianças cadastradas, atendendo 845 mil alunos da rede municipal regularmente com o suplemento lácteo. A substituição pelo leite integral e fórmulas adequadas para bebês também significou melhor qualidade nutricional: crianças menores de 1 ano, por exemplo, passaram a receber alimento apropriado à sua faixa etária, contribuindo para seu desenvolvimento saudável.
  • Maior satisfação das famílias: Muitos pais relataram contentamento em receber o leite em suas casas, pois isso garantia que o produto de fato chegasse à criança (evitando perdas ou extravio na mochila) e poupava deslocamentos. Houve também depoimentos sobre a melhoria percebida no sabor do leite fornecido, incentivando as crianças a consumi-lo.

Em termos de escala, o programa de merenda e leite em São Paulo atingiu números impressionantes sob Kassab, consolidando-se como um dos maiores do país. Não apenas manteve a universalidade (todo aluno tem direito à merenda e ao leite), como aprimorou a sua execução. O feito de distribuir leite domiciliarmente a mais de 800 mil alunos é algo pioneiro e de grande complexidade logística, destacando São Paulo como exemplo de inovação em políticas de alimentação escolar.

Legado e Continuidade

As conquistas na alimentação escolar se mostraram duradouras. A economia obtida com a licitação serviu de parâmetro para futuros contratos – gestões seguintes tiveram que se basear nos valores menores conseguidos, evitando retroceder a custos exorbitantes. A ideia de melhorar a qualidade continuou, e São Paulo manteve ao longo da década seguinte a fama de fornecer uma merenda escolar de boa qualidade, com cardápios supervisionados por nutricionistas e foco em alimentação saudável.

O Programa Leve Leite, por sua vez, continuou a existir após 2012. Houve algumas mudanças administrativas em gestões posteriores (por exemplo, discussões sobre substituir a entrega física por um cartão-alimentação, o que chegou a ser proposto em 2017 mas enfrentou críticas). Contudo, a premissa de garantir leite de qualidade às crianças da rede permaneceu, e a solução de entrega domiciliar tornou-se referência, embora com desafios logísticos contínuos. O legado principal foi mostrar que é possível integrar políticas educacionais e nutricionais de forma eficiente: a alimentação adequada complementa o aprendizado, e Kassab deixou um exemplo bem-sucedido dessa integração.

Inclusão de Alunos com Deficiência: Programa Inclui

Contexto e Origem do Problema

No início dos anos 2000, a inclusão escolar de alunos com deficiência ou necessidades educacionais especiais era ainda incipiente em muitas redes de ensino do país, e São Paulo não fugia à regra. Muitas escolas municipais não estavam adaptadas em termos de acessibilidade arquitetônica, e os professores careciam de formação específica para lidar com alunos com deficiência (física, visual, auditiva, intelectual, transtorno do espectro autista etc.). Havia casos de alunos especiais que acabavam excluídos do ensino regular ou segregados em classes especiais, por falta de apoio adequado. Paralelamente, legislações nacionais (como o Decreto n.º 6.571/2008) reforçavam o direito à educação inclusiva, e a sociedade civil cobrava avanços. Assim, a necessidade era implementar ações concretas para incluir, de fato, estudantes com deficiência na rede regular, removendo barreiras físicas, pedagógicas e atitudinais que dificultavam sua aprendizagem.

Concepção da Solução Proposta

Como resposta, a gestão Kassab concebeu o Programa Inclui em 2010, pensado para ser o maior e mais completo programa de inclusão escolar do país naquela época. A ideia era atuar em múltiplos eixos para promover a inclusão: formação específica de professores e funcionários, adequação do ambiente escolar (instalações acessíveis) e provisão de mobiliário e materiais pedagógicos adaptados para alunos com diferentes tipos de deficiência. Em outras palavras, o Inclui seria um programa transversal, envolvendo reformas físicas (construção de rampas, banheiros adaptados, eliminação de barreiras arquitetônicas), investimento em tecnologia assistiva (materiais em braile, softwares de comunicação, cadeiras de rodas, etc.), capacitação continuada de educadores para educação especial inclusiva e contratação de profissionais de apoio (como intérpretes de Libras, auxiliares de vida escolar). O objetivo final era garantir que toda criança, independentemente de suas limitações, pudesse estudar em escolas comuns e aprender junto com as demais, recebendo o suporte necessário.

Desenvolvimento e Execução da Política

A implantação do Programa Inclui ocorreu a partir de 2010 com ações coordenadas pela Secretaria Municipal da Educação em parceria com a Secretaria da Pessoa com Deficiência. Inicialmente, foi feito um levantamento dos alunos com deficiência já matriculados e das condições de acessibilidade das escolas. Identificaram-se quais unidades precisavam de intervenções estruturais urgentes e quais regiões demandavam classes de apoio ou professores especializados.

Em 2010 e 2011, diversas escolas passaram por reformas para torná-las acessíveis: instalaram-se rampas, corrimãos, alargamento de portas, pisos táteis para cegos, mapas e sinalizações em braile, adequação de mobiliário (carteiras adaptadas) e aquisição de materiais como computadores com software leitor de tela, impressoras braile, lupas eletrônicas, etc.. A Prefeitura também criou salas de recursos multifuncionais em várias escolas, equipadas para atendimento educacional especializado no contraturno (reforçando conteúdos para alunos com deficiência).

No campo da formação, centenas de professores municipais receberam capacitação específica em educação inclusiva, muitos por meio de cursos de extensão e oficinas pedagógicas promovidas pela Prefeitura. Foi instituído um curso de Libras (Língua Brasileira de Sinais) para professores e funcionários, visando melhorar a comunicação com alunos surdos. Além disso, a Secretaria passou a fornecer professores auxiliares ou estagiários para atuar dentro de sala quando havia alunos com deficiência que demandassem apoio individual.

Até o final de 2012, o Programa Inclui tinha alcançado grande parte da rede: muitas escolas antigas tornaram-se plenamente acessíveis e toda escola nova já era inaugurada seguindo padrões de acessibilidade universal. A quantidade de alunos com deficiência incluídos no ensino regular aumentou, e houve integração com o sistema de saúde para avaliações e acompanhamentos desses alunos (ex.: parcerias para fornecer óculos, aparelhos auditivos, etc., ligados ao programa Aprendendo com Saúde, descrito mais adiante).

Impacto e Resultados

O Programa Inclui posicionou São Paulo na vanguarda da inclusão escolar no país naquele momento, com impactos notórios:

  • Infraestrutura acessível: Dezenas de escolas foram reformadas para acessibilidade completa. Em consequência, alunos cadeirantes, com mobilidade reduzida ou deficientes visuais passaram a transitar pela escola com autonomia, utilizando rampas e elevadores onde instalados. O fim das “salas de aula em andares inacessíveis” representou uma mudança significativa em muitas unidades, abrindo espaços antes vetados a alguns alunos.
  • Corpo docente mais preparado: Os professores relatavam maior segurança e competência para lidar com alunos especiais após as formações. Por exemplo, com o treinamento adequado, conseguiram incluir alunos autistas em atividades de classe ou adaptar provas para um aluno com deficiência intelectual, garantindo aprendizagem no seu ritmo. A formação de centenas de educadores criou multiplicadores de uma cultura inclusiva dentro das escolas.
  • Aumento da matrícula de alunos com deficiência: Dados indicam que a matrícula de estudantes público-alvo da educação especial cresceu significativamente na rede municipal durante a gestão Kassab. Famílias que antes mantinham os filhos fora da escola por falta de suporte passaram a buscar a rede pública ao ver as melhorias. Assim, mais crianças com deficiência tiveram acesso à educação regular, muitas pela primeira vez.
  • Mudança de atitude e conscientização: O convívio proporcionado pela inclusão contribuiu para que alunos sem deficiência desenvolvessem valores de respeito à diversidade. Relatos de escolas mostram que colegas passaram a apoiar naturalmente os alunos com necessidades especiais, num clima de solidariedade. Professores e gestores também aprimoraram o olhar para atender às singularidades de cada aluno – um ganho qualitativo para toda a comunidade escolar.
  • Programa pioneiro em abrangência: A afirmação de que o Inclui foi “o maior e mais completo programa de inclusão do país” se justifica pelo amplo escopo de ações (estrutura, formação, materiais) e pelo tamanho da rede de São Paulo. Esse pioneirismo rendeu reconhecimento: São Paulo foi frequentemente citada em eventos nacionais de educação inclusiva como exemplo de políticas públicas abrangentes no período.

Legado e Continuidade

A política de inclusão iniciada por Kassab teve continuidade obrigatória, haja vista os marcos legais e o compromisso social crescente com o tema. As escolas adaptadas mantiveram suas estruturas acessíveis e serviram de modelo para adaptações em outras unidades posteriormente. As salas de recursos multifuncionais e equipamentos adquiridos continuaram a ser utilizados para apoio educacional especializado nos anos seguintes, muitas vezes ampliando seu horário de atendimento.

Gestões posteriores aprofundaram algumas frentes, por exemplo, ampliando a contratação de Auxiliares de Vida Escolar (AVEs) – profissionais para dar suporte individual a alunos com deficiências mais severas – algo que ganhou fôlego depois de 2013. O legado do Programa Inclui também se reflete na mudança cultural: hoje é consolidado em São Paulo o entendimento de que toda escola municipal deve estar apta a receber alunos com qualquer tipo de necessidade especial. Os investimentos feitos entre 2010-2012 facilitaram etapas seguintes, uma vez que boa parte das adaptações físicas já estava encaminhada.

Em resumo, Kassab deixou como marca um salto qualitativo na inclusão escolar. Embora desafios permaneçam, a rede municipal após 2012 já não poderia mais retroceder à situação de exclusão anterior, pois as bases de uma educação inclusiva estavam solidamente implantadas, beneficiando gerações de alunos com deficiência que passaram a ter oportunidades educacionais antes negadas.

Avaliação e Indicadores Educacionais: Prova São Paulo, Prova da Cidade e Indique

Contexto e Origem da Necessidade

No início da gestão Kassab, a rede municipal carecia de instrumentos sistemáticos para avaliar a aprendizagem dos alunos e monitorar a qualidade do ensino em nível local. O Ministério da Educação aplicava avaliações nacionais (Prova Brasil/SAEB) e havia também o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) calculado a cada dois anos. Contudo, a cidade de São Paulo não possuía ainda uma avaliação própria anual nem indicadores internos que permitissem um diagnóstico mais frequente e detalhado das escolas municipais. Sem avaliações regulares, ficava difícil identificar deficiências específicas no aprendizado dos alunos ou avaliar o impacto das políticas implantadas. Havia, portanto, a necessidade de criar instrumentos de avaliação educacional municipais, para orientar as intervenções pedagógicas e de gestão.

Concepção da Solução Proposta

Para suprir essa lacuna, Kassab decidiu implantar sistemas de avaliação educacional abrangentes na rede municipal. A concepção envolveu dois tipos de provas periódicas para os alunos e um indicador sintético de qualidade escolar, além do uso dos resultados do IDEB como referencial de progresso. Assim, surgiram três iniciativas interligadas:

  • A Prova São Paulo: uma avaliação anual padronizada dos alunos do Ensino Fundamental, focando em competências de Língua Portuguesa, Matemática e Ciências. Seria similar à Prova Brasil, porém aplicada localmente todo ano, permitindo medir a evolução anual da aprendizagem.
  • A Prova da Cidade: uma avaliação diagnóstica aplicada três vezes ao ano (abril, junho e setembro) para alunos a partir do 2º ano do Fundamental, em Língua Portuguesa e Matemática. Essa prova periódica foi concebida para fornecer feedback rápido ao longo do ano letivo, identificando dificuldades e ajustando intervenções a tempo.
  • O Indique (Índice de Qualidade na Educação): um indicador criado para medir a qualidade de cada escola municipal, combinando resultados educacionais com fatores de contexto. A ideia era ter uma métrica interna que levasse em conta não só as notas das avaliações, mas também condições socioeconômicas e outros parâmetros da realidade de cada escola, permitindo comparar desempenhos de forma mais justa e direcionar apoio adicional onde preciso.

Essas iniciativas visavam, em conjunto, fomentar uma cultura de avaliação e uso de indicadores na gestão educacional. Com dados próprios e frequentes, a Secretaria poderia traçar políticas baseadas em evidências, como reforço de formação docente em escolas com desempenho baixo em certa habilidade ou alocação de recursos extras onde o indicador Indique apontasse maior vulnerabilidade.

Desenvolvimento e Execução da Política

Prova São Paulo: Implementada pela primeira vez em 2007, tornou-se uma avaliação anual envolvendo todos os alunos de determinadas séries (como 2º, 4º, 6º e 8º/9º anos do Ensino Fundamental, abrangendo Ciclo I e II). As provas eram elaboradas pela Secretaria Municipal de Educação com apoio de especialistas e seguiam metodologias de avaliação em larga escala (questões de múltipla escolha e produção de texto em alguns casos). A aplicação acontecia simultaneamente em toda a rede, e os resultados eram compilados para cada escola e para o município como um todo.

Prova da Cidade: Criada em 2009, foi aplicada inicialmente em projeto-piloto e depois expandida. A cada ano, os alunos a partir do 2º ano fundamental realizavam três avaliações curtas (bimestrais) de leitura e matemática. Os resultados serviam como diagnóstico formativo – por exemplo, uma escola podia identificar que 30% de seus alunos não haviam aprendido determinada habilidade de matemática até abril, permitindo corrigir a rota antes da avaliação seguinte. Os professores recebiam relatórios com desempenhos por aluno e por turma, orientando o reforço escolar.

Indique: Desenvolvido ao longo de 2010 e implantado em 2011, o Índice de Qualidade na Educação combinava múltiplos dados. Ele considerava notas das avaliações (Prova São Paulo e Prova Brasil), taxas de aprovação/reprovação, abandono escolar, e ponderava fatores como nível socioeconômico dos alunos da escola. Cada escola recebeu seu indicador Indique, e a Secretaria passou a utilizá-lo para identificar quais escolas precisavam de maior apoio e quais estavam obtendo bons resultados apesar de contextos adversos, para fins de troca de experiências.

Impacto e Resultados

A criação desses instrumentos de avaliação e indicadores trouxe vários impactos positivos:

  • Monitoramento contínuo da aprendizagem: Com a Prova São Paulo anual e a Prova da Cidade periódica, a rede municipal passou a ter um termômetro constante do aprendizado. Isso possibilitou acompanhar a evolução do desempenho dos alunos ano a ano, algo inédito até então no âmbito municipal. Problemas puderam ser detectados mais cedo – por exemplo, se a média de determinada escola caía em matemática de um ano para outro, a Secretaria podia intervir com formação naquela disciplina ou reforço de materiais didáticos.
  • Melhoria dos resultados educacionais: Os dados indicam que, durante a gestão Kassab, houve melhora contínua nos indicadores de qualidade da educação básica em São Paulo. O IDEB do município aumentou em cada edição (2007, 2009, 2011), refletindo avanços tanto em aprendizagem quanto em fluxo escolar. Essa melhoria coincidiu com a implementação das avaliações, sugerindo que a focalização em resultados e diagnóstico ajudou a elevar o nível de ensino. Por exemplo, no IDEB de 2011, São Paulo atingiu a meta prevista e mostrou progresso em relação a 2007, especialmente nos anos iniciais do Fundamental.
  • Gestão orientada por evidências: O Indique e as avaliações municiaram os gestores escolares e centrais com informações para tomada de decisão. As políticas passaram a ser mais baseadas em dados concretos. Escolas com baixo desempenho receberam visitas de equipes de supervisão para elaborar planos de ação, enquanto escolas com bom desempenho relativo (considerando contexto) foram valorizadas e tiveram suas boas práticas divulgadas para inspirar outras.
  • Transparência e informação à sociedade: Os resultados da Prova São Paulo e do IDEB foram divulgados publicamente, permitindo à sociedade acompanhar a qualidade do ensino municipal. A imprensa e os cidadãos passaram a discutir os desafios com base em números – por exemplo, destacando que determinada região tinha notas médias inferiores, o que mobilizava esforços adicionais ali. Essa transparência gerou pressão positiva por melhorias contínuas.

Em termos quantitativos, centenas de milhares de alunos passaram a ser avaliados anualmente pela Prova São Paulo, e os relatórios gerados cobriram todas as cerca de 1.000 escolas de ensino fundamental da rede. Isso configura um dos maiores sistemas municipais de avaliação do país em extensão. A introdução da Prova da Cidade três vezes ao ano também foi inovadora na época – poucas redes dispunham de avaliações tão frequentes para ajustar o ensino durante o ano letivo.

Legado e Continuidade

A institucionalização das avaliações continuou após 2012. A gestão seguinte manteve a aplicação da Prova São Paulo (embora sob outro nome, “Avaliação da Aprendizagem da Cidade”) e continuou calculando indicadores para as escolas. Os dados acumulados desde 2007 permitiram análises de tendência e auxiliaram na definição de metas no Plano Municipal de Educação.

O Indique serviu de base para o aprimoramento de indicadores educacionais. Mais tarde, foram desenvolvidos novos índices e métricas, mas o conceito de considerar o contexto das escolas para uma avaliação mais justa permaneceu influente. No cenário nacional, São Paulo inspirou outros municípios a criar suas avaliações próprias, entendendo que esperar apenas as avaliações federais poderia ser insuficiente para gestão local.

Em resumo, Kassab deixou como legado uma cultura de avaliação educacional na rede paulistana. Hoje é praticamente consenso que medir resultados e acompanhar o desempenho dos alunos é fundamental para melhorar a educação – e em São Paulo isso começou de forma estruturada durante 2006-2012. A melhoria contínua do IDEB municipal naquele período demonstrou que foco em resultados, aliado a políticas pedagógicas adequadas, pode elevar a qualidade do ensino, lição que segue norteando as políticas educacionais da cidade.

Melhoria do Desempenho Escolar: Avanço no IDEB e Indicadores de Qualidade

Contexto e Origem

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) é um indicador bianual criado em 2007 pelo Governo Federal que combina o desempenho dos alunos em avaliações padronizadas (Prova Brasil/SAEB) com taxas de aprovação escolar. Ele fornece uma nota de 0 a 10 para cada rede de ensino (municipal, estadual) nos anos iniciais e finais do ensino fundamental. Quando Kassab assumiu a prefeitura em 2006, São Paulo tinha IDEBs considerados medianos e havia muito espaço para avanço. Com a implementação das diversas políticas de infraestrutura, acesso, valorização docente e avaliação já descritas, esperava-se que esses esforços resultassem em melhora concreta da qualidade do ensino, refletida nos indicadores oficiais como o IDEB.

Desenvolvimento e Ações Realizadas

Ao longo do mandato, as ações integradas de Kassab – expansão de vagas, aumento do tempo escolar, formação de professores, avaliações periódicas, novos programas pedagógicos – criaram condições para elevar o aprendizado dos alunos, o que de fato acabou se expressando no IDEB. A gestão acompanhou de perto cada divulgação de IDEB (em 2007, 2009 e 2011) para checar o progresso e redirecionar políticas conforme necessário.

Foram estabelecidas metas de IDEB para a rede municipal alinhadas às nacionais, e as escolas também passaram a ter suas metas individuais. Com os resultados das avaliações internas (Prova São Paulo) e externas (Prova Brasil), a Secretaria de Educação focou em reforçar a alfabetização nos primeiros anos e em reduzir a repetência – ambos fatores cruciais para melhorar o IDEB.

Impacto nos Resultados do IDEB

Os resultados do IDEB apontaram uma melhora contínua na qualidade da educação da Rede Municipal de São Paulo durante a gestão Kassab. Em 2005 (referência antes de Kassab), o IDEB dos anos iniciais (1º ao 5º ano) da rede municipal de São Paulo era 4,3. Sob Kassab, o **IDEB dos anos iniciais subiu para 4,6 em 2007, depois 4,9 em 2009 e alcançou 5,4 em 2011, ultrapassando a meta projetada pelo MEC para aquele ano. Nos anos finais (6º ao 9º ano), a rede também avançou, saindo de IDEB 4,0 em 2005 para 4,4 em 2011 (embora ainda abaixo da meta ideal, representou progresso).

Essa evolução significa que os alunos passaram a aprender mais conteúdos e a serem aprovados com maior frequência, fruto da soma de iniciativas: melhor formação de base com programas como Ler e Escrever, reforço escolar, ampliação de jornada e um sistema de ensino mais atento ao desempenho.

Comparativamente, São Paulo acompanhou e em alguns momentos superou a evolução média nacional. Em 2011, o IDEB dos anos iniciais da capital (5,4) ficou acima da média das capitais brasileiras e muito acima da meta nacional para aquela data, consolidando um salto de qualidade em relação a 2005. Isso é indicativo de que as políticas educacionais adotadas no período tiveram eficácia mensurável.

Legado e Continuidade

A trajetória ascendente do IDEB na gestão Kassab contribuiu para criar um padrão de referência: a expectativa passou a ser de melhoria contínua, e gestões posteriores sentiram-se na obrigação de manter ou acelerar esse progresso. O alcance de metas do IDEB tornou-se parte do planejamento estratégico da educação municipal nos anos seguintes.

No entanto, vale notar que manter o IDEB em alta exige persistência das políticas. Após 2013, novas abordagens foram tentadas – algumas com sucesso, outras com resultados tímidos – e o ritmo de crescimento do IDEB variou. Ainda assim, a base construída (alunos melhor alfabetizados, professores valorizados, avaliações instaladas) deixou um inegável legado de qualidade mais elevada que em 2005.

Em suma, durante o mandato de Kassab São Paulo viu uma melhoria histórica em seus indicadores educacionais, simbolizada pelo IDEB crescente, e esse avanço balizou as políticas futuras ao mostrar que com investimento e boa gestão é possível elevar o patamar da educação pública municipal.

Alfabetização na Idade Certa: Programa Ler e Escrever

Contexto e Origem do Problema

Em 2004, dados da rede municipal apontavam baixo aproveitamento escolar nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Muitas crianças chegavam ao final do 1º ano sem estarem plenamente alfabetizadas, e os índices de alfabetização até o 2º ano eram preocupantes. Esse cenário comprometia todo o processo educacional subsequente, pois alunos não alfabetizados tendem a ter dificuldades em todas as disciplinas e maior risco de reprovação. Havia, portanto, um déficit no processo de alfabetização das crianças que precisava ser enfrentado. A origem do problema residia em fatores como classes muito numerosas, falta de metodologia adequada e pouco acompanhamento individual do aluno nesse estágio crítico de aprendizado da leitura e escrita.

Concepção da Solução Proposta

Para sanar essa defasagem, logo em 2006 Kassab e sua equipe (especialmente o então secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider) criaram o Programa Ler e Escrever. A ideia inovadora foi colocar dois professores em sala de aula nas turmas de 1º ano do fundamental, de modo a garantir atenção individualizada aos alunos no processo de alfabetização. O segundo professor seria um auxiliar qualificado – geralmente um estudante universitário de pedagogia ou letras – cuja função seria acompanhar os alunos de perto, tirar dúvidas imediatas e reforçar o conteúdo para quem tivesse mais dificuldade. Assim, concebeu-se uma dupla de ensino em classe, rompendo com a tradição de um único docente, para acelerar o aprendizado inicial da leitura e escrita. Além disso, o programa envolveria a distribuição de materiais didáticos específicos, formação dos professores titulares em metodologias de alfabetização e avaliação constante do nível de leitura dos alunos.

O objetivo final era assegurar que todas as crianças estivessem alfabetizadas até o final do 2º ano do Ensino Fundamental, conforme as diretrizes de alfabetização na idade certa (em torno de 7 anos de idade). O Ler e Escrever também seria o embrião para a construção de um currículo unificado de língua portuguesa para a rede municipal, alinhando práticas pedagógicas em todas as escolas.

Desenvolvimento e Execução da Política

Lançado em 2006, o Programa Ler e Escrever foi implantado inicialmente em turmas de 1º ano de escolas municipais selecionadas, e depois expandido a toda a rede de forma progressiva. Cada turma de 1º ano passou a contar com um professor auxiliar além do titular. A Prefeitura contratou bolsistas (universitários em cursos de licenciatura) e professores estagiários para essas vagas de auxiliar, garantindo que tivessem formação adequada para o suporte em alfabetização.

Foram elaborados materiais de apoio – como coleções de livros infantis, cartilhas de atividades de leitura e escrita, jogos educacionais – distribuídos às escolas participantes. O programa também instituiu avaliações diagnósticas periódicas de alfabetização, onde se avaliava o nível de leitura dos alunos no meio e no final do ano letivo, para verificar o progresso de cada criança.

A formação continuada dos professores alfabetizadores foi outro pilar: especialistas em alfabetização treinavam os docentes em novas técnicas (consciência fonológica, alfabetização fonêmica, metodologias lúdicas, etc.). Além disso, reuniões de acompanhamento eram realizadas para troca de experiências entre os educadores sobre as práticas do programa.

Muito rapidamente, em poucos anos, o Ler e Escrever tornou-se universal na rede municipal. A diminuição do tamanho efetivo da turma por adulto (com dois educadores por classe) trouxe efeitos notáveis. Pesquisas de satisfação mostraram que 98% dos pais ou responsáveis aprovaram a presença do segundo professor em sala, percebendo avanço no aprendizado de seus filhos.

Impacto e Resultados

Os resultados do Programa Ler e Escrever foram bastante positivos:

  • Aceleração da alfabetização: Com mais atenção individual, as crianças aprenderam a ler e escrever de forma mais eficaz e no tempo esperado. A meta de alfabetizar até o 2º ano foi amplamente atingida – a maioria dos alunos já estava lendo textos simples ao fim do 1º ano, algo que antes não ocorria. Indicadores internos mostraram melhora significativa nos níveis de alfabetização medidos no 2º ano. Esse avanço inicial refletiu-se depois nas avaliações externas de leitura: São Paulo teve ganhos em proficiência de língua portuguesa nos primeiros anos, conforme captado tanto nas Provas São Paulo quanto na Prova Brasil (IDEB).
  • Redução da repetência nas séries iniciais: O reforço proporcionado pelo programa contribuiu para diminuir a taxa de reprovação no 1º e 2º anos, uma vez que menos crianças ficavam “para trás” no processo de alfabetização. Com quase todos alfabetizados no tempo certo, evitava-se o efeito bola de neve de defasagem idade-série, melhorando também o fluxo escolar.
  • Maior apoio aos alunos com dificuldade: A presença do segundo educador permitiu identificar rapidamente crianças com transtornos de aprendizagem ou outras dificuldades, encaminhando-as para apoio extra (reforço ou avaliação especializada). Assim, o programa foi inclusivo ao não deixar esses alunos desassistidos.
  • Satisfação dos professores e pais: Para os professores titulares, ter um auxiliar significou dividir tarefas e poder atender melhor cada aluno. Muitos relataram que o ambiente em sala tornou-se mais produtivo e tranquilo. Os pais, por sua vez, passaram a ver progresso real nos filhos e confiaram mais na escola – evidenciado pelo alto índice de aprovação (98%) pelos responsáveis.
  • Currículo unificado e inspiração a outras redes: O Ler e Escrever serviu de base para formular um currículo municipal de alfabetização, alinhando objetivos de aprendizagem em todas as escolas. Além disso, o sucesso do programa repercutiu fora do município – a partir de 2008, o Governo do Estado de São Paulo adotou metodologia semelhante nas escolas estaduais, também sob o nome “Ler e Escrever”, inspirando-se na iniciativa paulistana.

Quase meio milhão de alunos foram beneficiados pelo programa até 2012, considerando as sucessivas coortes de 1º e 2º ano atendidas. Esse número impressionante ilustra o alcance massivo da política e ajuda a explicar por que São Paulo conseguiu melhorar seus resultados de alfabetização no período.

Legado e Continuidade

O legado do Programa Ler e Escrever transcendeu a gestão Kassab. A iniciativa tornou-se uma política de Estado na educação paulistana: a administração seguinte manteve o programa nas escolas municipais, dado seu reconhecimento positivo. Apenas anos depois (por volta de 2017) é que a Prefeitura começou a integrar o Ler e Escrever a um novo modelo de ensino integral, mas ainda preservando seus princípios fundamentais.

No âmbito estadual e até nacional, o conceito de dois docentes em sala para alfabetizar influenciou políticas. Várias cidades e estados implantaram projetos semelhantes de “dupla regência” no 1º ano após verem os resultados paulistanos. O foco na alfabetização na idade certa também foi precursor do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), lançado em 2012 pelo governo federal, no qual São Paulo teve destaque por já ter experiências exitosas.

Em resumo, Kassab deixou uma contribuição duradoura ao alfabetizar uma geração de crianças no tempo adequado e criar uma metodologia replicável. O Ler e Escrever consolidou-se como um pilar da educação paulistana, garantindo que as bases da aprendizagem – ler e escrever – fossem firmemente estabelecidas, o que é um legado pedagógico dos mais importantes.

Incentivo à Leitura: Programa Minha Biblioteca

Contexto e Origem da Necessidade

Além da alfabetização inicial, outro desafio educacional identificado era a formação do hábito de leitura entre os alunos. Muitos estudantes, especialmente de famílias de baixa renda, não possuíam livros em casa e tinham pouco acesso a materiais de leitura fora do ambiente escolar. As bibliotecas das escolas nem sempre conseguiam suprir essa carência, e o índice de leitura voluntária entre crianças era baixo. Compreendendo que ler por prazer é fundamental para ampliar vocabulário, conhecimento de mundo e sucesso escolar, a Secretaria de Educação buscou uma forma de estimular o gosto pela leitura e criar um vínculo das crianças com os livros desde cedo.

Concepção da Solução Proposta

Em 2007, a gestão Kassab lançou o Programa Minha Biblioteca, com uma ideia simples e inédita: entregar livros de literatura gratuitamente para os alunos levarem para casa e formarem seu próprio acervo pessoal. A concepção era inovadora porque, tradicionalmente, livros didáticos são distribuídos (pelo PNLD federal), mas livros literários ficavam apenas nas bibliotecas escolares. O Minha Biblioteca rompia esse paradigma, colocando nas mãos de cada criança um conjunto de livros de histórias, contos, poesias, para que ela pudesse ler e também “fazer a própria biblioteca em casa”. A seleção dos títulos daria ênfase a obras adequadas a cada faixa etária, de autores clássicos e contemporâneos da literatura infantil e infantojuvenil, incluindo muitas produções nacionais.

O programa destinou-se prioritariamente aos alunos do Ciclo I do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano), ou seja, crianças aproximadamente entre 6 e 10 anos, fase de formação do hábito de leitura. A ideia de proporcionar livro grátis e de qualidade para crianças que talvez nunca tivessem possuído um livro visava despertar nelas o prazer de ler e envolver também as famílias nesse hábito.

Desenvolvimento e Execução da Política

A implementação do Minha Biblioteca ocorreu anualmente, em forma de “kits” de livros entregues aos alunos. A Secretaria Municipal de Educação montou uma curadoria com especialistas em literatura infantil para selecionar os títulos a serem distribuídos. A cada ano do programa, montavam-se kits variando conforme o ano escolar do aluno – por exemplo, um aluno do 1º ano recebia livros com textos curtos e ilustrados; já um aluno do 5º ano ganhava histórias mais longas ou coleção de crônicas apropriadas à sua idade.

Os livros eram adquiridos em grande escala pela Prefeitura (beneficiando-se de descontos por volume) e distribuídos normalmente no segundo semestre letivo, próximos às férias, para incentivar leitura nesse período. Cada criança contemplada levava para casa um pacote contendo diversos livros (em geral 5 a 6 livros por aluno por ano). Não havia necessidade de devolução – os livros passavam a pertencer ao aluno, para que ele pudesse reler, trocar com colegas ou guardar.

Entre 2007 e 2012, foram distribuídos cerca de 4 a 4,5 milhões de livros aos alunos do Ciclo I. Esse número impressiona: corresponde a uma biblioteca de 8 a 10 livros novos em média por criança beneficiada, considerando que aproximadamente 550 mil alunos do fundamental I receberam os kits ao longo do programa(alunos se renovavam a cada ano, mas muitos receberam mais de um kit em anos consecutivos). Os professores foram orientados a trabalhar esses livros em sala também – liam trechos, estimulavam os alunos a comentar as histórias, faziam feiras de troca de livros – mas sempre reforçando que os livros eram presentes pessoais deles.

Impacto e Resultados

O Programa Minha Biblioteca trouxe contribuições importantes para a formação leitora:

  • Acesso democrático à literatura: Milhares de crianças tiveram, pela primeira vez, livros próprios em casa. Isso representa um avanço enorme em equidade cultural, pois reduziu a distância entre alunos de diferentes classes sociais no acesso a bens culturais. Alunos que antes só viam livros didáticos passaram a folhear literatura por conta própria, enriquecendo seu repertório linguístico.
  • Estímulo ao prazer da leitura: Entregar livros de história, poesia, aventura, adequados à idade, ajudou a despertar o gosto pela leitura recreativa. Professores relataram aumento do interesse dos alunos por frequentar a biblioteca da escola e trocar livros com colegas após o programa, indicando que muitos passaram a ler espontaneamente além do exigido nas aulas.
  • Envolvimento da família: Como os livros iam para casa, muitos pais e irmãos também tiveram contato com aquelas obras. Houve registros de famílias lendo junto com as crianças e até adultos que, alfabetizados tardiamente, aproveitaram os livros infantis para praticar leitura. Assim, o impacto extrapolou o aluno individual, alcançando núcleos familiares e promovendo leitura no lar.
  • Melhoria em proficiência de leitura: Ainda que seja complexo atribuir causas específicas, o fato é que os alunos do fundamental I de São Paulo melhoraram seu desempenho em leitura ao longo dos anos do programa (conforme resultados de avaliações). O incentivo constante à leitura literária proporcionou vocabulário mais rico, melhor compreensão textual e escrita mais criativa – habilidades refletidas em provas e na sala de aula.
  • Criação de pequenos acervos pessoais: Ao final de alguns anos, uma criança poderia ter reunido facilmente de 10 a 15 livros próprios. Isso é significativo, pois cria um miniacervo doméstico. Mesmo após sair da rede municipal, esses jovens possuiriam livros para revisitar ou para passar a irmãos mais novos, gerando um legado cultural duradouro em cada família atendida.

O Minha Biblioteca foi considerado inédito no país em sua concepção e, pelo volume de livros distribuídos, possivelmente estabeleceu um recorde nacional em programas de doação de livros de literatura no âmbito de uma rede de ensino. Distribuir 4,5 milhões de livros em 6 anos para estudantes é uma marca notável e mostra a prioridade dada ao letramento e cultura.

Legado e Continuidade

O sucesso do Minha Biblioteca consolidou a ideia de que políticas públicas podem e devem incentivar a leitura para além do livro didático. A gestão sucessora manteve o programa, com algumas modificações de nome e abrangência (chegou a incluir alunos de séries posteriores em alguns momentos), mas a essência de entregar livros aos alunos continuou, tamanha a aceitação. Até hoje, a Prefeitura de São Paulo realiza programas similares de distribuição de livros literários aos estudantes, inspirados no embrião criado em 2007.

A longo prazo, a presença de livros nas casas pode ter efeitos multiplicadores: crianças que crescem com livros tendem a valorizar a leitura na vida adulta, e muitas da geração atendida por Kassab podem futuramente incentivar seus próprios filhos a ler, perpetuando um ciclo virtuoso.

Em nível nacional, o Minha Biblioteca virou referência e outros municípios lançaram iniciativas parecidas de “biblioteca do aluno”. O reconhecimento de que estimular a leitura é parte fundamental da educação e não algo secundário foi fortalecido por esse legado. Portanto, entre as realizações de Kassab, esta se destaca por semear gosto pela leitura em centenas de milhares de jovens, um impacto imaterial mas profundo no desenvolvimento educacional e cultural da cidade.

Saúde Escolar: Programa Aprendendo com Saúde

Contexto e Origem da Necessidade

Problemas de saúde muitas vezes passam despercebidos na infância e podem prejudicar o desempenho escolar. Em São Paulo, identificou-se que um número considerável de crianças apresentava dificuldades de visão não diagnosticadas, como acuidade visual baixa, o que atrapalhava a aprendizagem (por exemplo, alunos que não enxergam o quadro negro tendem a ter rendimento ruim). A espera por consultas oftalmológicas no SUS era longa e nem todos os pais percebiam prontamente o problema. Havia, portanto, a necessidade de criar um mecanismo de triagem rápida de problemas de visão (e eventualmente outros de saúde) dentro da própria escola, para encaminhar as crianças ao tratamento adequado. Esse foi o ponto de partida para o Programa Aprendendo com Saúde.

Concepção e Ideia da Solução

Lançado em abril de 2009, o Aprendendo com Saúde partiu da ideia de capacitar os próprios professores para realizar testes básicos de visão nos alunos do 1º ano do ensino fundamental. A concepção foi simples e eficaz: os docentes seriam treinados por profissionais de saúde para aplicar um teste de acuidade visual (como o exame da leitura de símbolos ou letrinhas a certa distância, usando a tabela de Snellen adaptada para crianças). Aqueles alunos que apresentassem dificuldades nesses testes iniciais seriam encaminhados para exames oftalmológicos completos e, se necessário, providenciar óculos ou outros tratamentos.

Trata-se de uma solução preventiva e de triagem, integrando ações de saúde no cotidiano escolar – um exemplo de sinergia intersetorial (educação + saúde). A escolha de focar no 1º ano é estratégica, pois é quando a criança inicia a alfabetização; identificar logo cedo um problema visual evita que isso comprometa a fase crucial de aprender a ler e escrever.

Desenvolvimento e Execução da Política

A Secretaria Municipal de Educação, em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde, organizou workshops de treinamento para os professores do 1º ano. Centenas de docentes foram treinados para aplicar o teste de acuidade visual em sala de aula ou em mutirões na própria escola. Receberam orientações sobre como proceder: iluminar corretamente o ambiente, posicionar a criança a uma distância padronizada, usar tabelas específicas (que geralmente trazem desenhos ou Es virados, para crianças que não leem ainda) e observar se o aluno consegue identificar os símbolos.

Após o treinamento, as escolas realizaram as triagens normalmente uma vez por ano, logo no início do ano letivo. Os professores anotavam os casos suspeitos de dificuldade visual e a escola, via seus gestores ou equipe de saúde escolar, encaminhava essas crianças para consulta com oftalmologistas do sistema municipal de saúde (muitas vezes em mutirões organizados nas próprias escolas ou em ônibus consultório). Em diversos casos, as crianças receberam óculos gratuitos fornecidos por programas de saúde ocular infantil que atuavam em conjunto.

Embora o foco inicial tenha sido visão, o programa abriu caminho para que professores ficassem mais atentos a outros aspectos de saúde dos alunos (audição, higiene bucal, etc.), reforçando o papel da escola na promoção de saúde preventiva.

Impacto e Resultados

O Aprendendo com Saúde trouxe benefícios diretos ao desempenho escolar e bem-estar dos alunos:

  • Detecção precoce de problemas de visão: Graças aos testes aplicados pelos professores, milhares de crianças tiveram deficiência visual identificada logo no início da vida escolar. Problemas como miopia, hipermetropia ou astigmatismo, que antes passariam despercebidos até a criança apresentar grande atraso, puderam ser reconhecidos em triagem. Isso levou a um aumento no encaminhamento para consultas oftalmológicas infantis na rede pública.
  • Melhoria no rendimento acadêmico: Alunos que recebiam óculos ou tratamento adequado apresentaram notável melhora de participação e progresso em sala. Professores relatavam casos de crianças que, antes retraídas ou com dificuldades em copiar lição, após usarem os óculos conseguiam acompanhar normalmente as aulas. Assim, o programa evitou que problemas de saúde mascarados fossem erroneamente tratados como desinteresse ou dificuldade cognitiva.
  • Conscientização de pais e comunidade: Ao envolver os professores na triagem, o tema da saúde ocular ganhou visibilidade nas reuniões de pais. Muitas famílias passaram a levar mais a sério exames de vista de rotina. Houve também maior integração entre unidades de saúde e escolas, fortalecendo uma rede de proteção à criança.
  • Custo-efetividade e capilaridade: A estratégia de treinar professores mostrou-se bastante custo-efetiva – ao invés de depender apenas de profissionais de saúde escassos para filtrar casos, utilizou-se a capilaridade da rede escolar. Praticamente toda escola municipal passou a ter alguém capaz de aplicar um teste visual básico. Isso potencializou o alcance: muito mais crianças puderam ser triadas do que seria possível só com médicos ou enfermeiros esporadicamente visitando escolas.

Quantitativamente, embora não haja um número exato divulgado no trecho disponível, pode-se inferir que a totalidade dos alunos de 1º ano – dezenas de milhares anualmente – foi submetida à triagem visual durante 2009-2012. Destes, uma parcela relevante (estimada em torno de 5% a 10%) foi encaminhada para exames complementares. São portanto milhares de crianças beneficiadas diretamente pela identificação e correção de problemas visuais, prevenindo prejuízos maiores ao longo de sua trajetória escolar.

Legado e Continuidade

O Aprendendo com Saúde consolidou a importância das ações de saúde na escola. A prática de triagem visual por professores continuou sendo adotada nos anos posteriores, às vezes incorporada a programas mais amplos de “Saúde na Escola” em parceria com o governo federal (como o Programa Saúde na Escola – PSE). O sucesso dessa iniciativa encorajou a ampliação para outros tipos de triagem: posteriormente, foram feitos esforços para triagem auditiva e campanhas de vacinação nas escolas, seguindo o princípio de aproveitar o contato cotidiano com os alunos.

O legado principal é a noção de que educação e saúde andam de mãos dadas, e que professores também podem atuar como agentes de promoção de saúde básica. Muitos educadores que passaram pelo treinamento tornaram-se atentos a sinais de outros problemas (auditivos, posturais, nutricionais) e estabeleceu-se um canal mais direto entre escolas e unidades de saúde locais.

Assim, Kassab deixou na rede municipal uma política que transcendeu seu mandato ao institucionalizar cuidados de saúde preventiva dentro do ambiente escolar. Os ganhos em aprendizagem, difíceis de mensurar mas seguramente reais, se acumulam ano a ano para cada criança que, podendo ver melhor, aprende melhor. Essa é uma contribuição perene para a qualidade do ensino e para a vida dos estudantes.

Lazer nas Férias: Programa Recreio nas Férias

Contexto e Origem da Iniciativa

Nas férias escolares, principalmente em julho e janeiro, muitas crianças da rede municipal, moradoras de bairros populares, ficavam sem opções de lazer ou atividades supervisionadas. Pais que trabalham não tinham com quem deixar os filhos, e faltavam espaços seguros e atrativos para as crianças aproveitarem o recesso. Desde o início dos anos 2000, existia um programa chamado “Recreio nas Férias”, criado em gestão anterior, justamente para oferecer atividades recreativas e culturais durante o recesso escolar. Contudo, havia espaço para aperfeiçoá-lo e expandir seu alcance. A necessidade era, portanto, fortalecer essa iniciativa de férias, garantindo que mais crianças pudessem participar e que a qualidade das atividades fosse elevada, ajudando a manter o vínculo dos alunos com a escola e proporcionando diversão educativa.

Concepção da Solução Proposta

Kassab decidiu aperfeiçoar e ampliar o programa Recreio nas Férias existente. A concepção envolveu: aumentar o número de polos de atividades (utilizando escolas, CEUs e clubes escolas como centros do programa), diversificar a programação com eventos culturais, esportivos e pedagógicos, e garantir alimentação e segurança para as crianças participantes. O programa continuaria a ser gratuito e aberto não só a alunos da rede como também a crianças da comunidade local, incluindo aquelas fora da escola – servindo como uma política inclusiva e preventiva durante um período crítico. O Recreio nas Férias renovado seria uma solução para famílias sem alternativas de lazer para as crianças no período de férias, contribuindo também para reduzir riscos sociais (crianças sozinhas na rua, exposição à violência) e possibilitar convivência e aprendizagem informal através do brincar.

Desenvolvimento e Execução da Política

Sob Kassab, a Secretaria Municipal de Educação (em parceria com a de Esportes, Cultura e organizações sociais) estruturou edições semestrais do Recreio nas Férias com logística aprimorada. Escolas municipais, especialmente as de tempo integral e os CEUs, foram preparadas para funcionar durante duas semanas nas férias de julho e também no verão (geralmente final de janeiro), recebendo as crianças das 9h às 16h aproximadamente.

As atividades oferecidas incluíram oficinas de artes (pintura, teatro, música), campeonatos esportivos (futebol, queimada, gincanas), brinquedotecas, jogos educativos, contação de histórias, exibição de filmes, passeios a museus, parques e outras atrações da cidade. Muitas vezes foram trazidos artistas e educadores especializados para animar as crianças. Cada polo do programa atendia centenas de crianças por dia. Para apoiar famílias, era fornecido lanche ou almoço às crianças participantes.

A divulgação foi reforçada para alcançar um maior número de pais. Além disso, servidores e voluntários foram engajados: professores, estagiários e monitores culturais atuaram no Recreio nas Férias, muitos recebendo adicional ou horas extracurriculares por isso. A segurança e transporte também foram pensados – por exemplo, em alguns casos a Prefeitura disponibilizou ônibus para levar crianças de bairros mais distantes até um CEU com atividades especiais.

Durante a gestão Kassab, o programa atendeu dezenas de milhares de crianças a cada edição. Em especial, os CEUs tornaram-se polos muito concorridos, por sua infraestrutura de piscinas, quadras e teatros, permitindo atividades de grande porte. Assim, o Recreio nas Férias ganhou cara nova e consolidou-se como um evento esperado pela comunidade nas pausas escolares.

Impacto e Resultados

A intensificação do Recreio nas Férias teve impactos positivos notáveis:

  • Atendimento a milhares de crianças fora do período letivo: A cada recesso, cerca de 50 mil crianças (estimativa agregada dos polos) participaram do programa em toda a cidade, embora os números exatos variem por edição. Esse volume expressivo significa que uma parcela significativa dos alunos da rede teve acesso a lazer de qualidade nas férias, muitos dos quais ficariam sem nenhuma atividade estruturada nesse período.
  • Convivência e desenvolvimento social: As atividades coletivas propiciaram às crianças oportunidades de socialização, criação de novas amizades, trabalho em equipe e aprendizado de forma lúdica. Para muitas, o programa evitou o isolamento em casa ou a exposição à rua, oferecendo um ambiente saudável e monitorado.
  • Descoberta de talentos e interesses: A variedade de oficinas permitiu que alunos descobrissem gostos e habilidades – como aptidão para um esporte, interesse por teatro ou música – que poderiam continuar cultivando após as férias. Os CEUs, integrados ao programa, muitas vezes inscreviam as crianças em atividades regulares (como aulas de dança ou natação) após identificarem esse interesse durante o Recreio nas Férias.
  • Alívio para famílias e proteção social: Do ponto de vista dos pais e responsáveis, o programa foi um apoio valioso. Muitos puderam trabalhar tranquilos sabendo que os filhos estavam em local seguro, se alimentando e se divertindo. Isso tem um impacto social importante, especialmente para mães solo ou famílias de baixa renda sem recursos para pagar colônia de férias privada.
  • Fortalecimento da relação comunidade-escola: A abertura das escolas e CEUs nas férias para toda a comunidade (não só alunos matriculados) aproximou os vizinhos da escola. Viu-se a escola como um centro comunitário ativo o ano todo. Esse vínculo a mais contribui para diminuição de vandalismo nas unidades (pois a comunidade passa a valorizar o espaço) e para uma percepção positiva da instituição escolar.

Em termos qualitativos, o Recreio nas Férias reforçou a ideia de que educação não se resume ao currículo formal – o lazer, o esporte e a cultura também educam e desenvolvem. Essa visão mais ampla de educação integral se disseminou, preparando terreno para outras políticas integradas.

Legado e Continuidade

O Recreio nas Férias tornou-se uma política contínua. As gestões posteriores mantiveram o programa, reconhecendo seu valor. Em 2013-2016, por exemplo, o programa seguiu acontecendo, e até foi ampliado com novas atividades em parceria com a Secretaria de Cultura. Embora possa ter havido variações de nome ou de escala conforme o orçamento de cada ano, a essência de oferecer atividades nas férias permaneceu firme.

Hoje é quase impensável não ter um programa do tipo em São Paulo – tamanha foi a consolidação durante o período Kassab. Seu legado, portanto, é de institucionalizar o atendimento às crianças no recesso escolar como parte do calendário educacional. A continuidade do Recreio nas Férias ao longo dos anos demonstra que a ideia original estava correta ao suprir uma necessidade real das famílias.

Em suma, Kassab aprimorou e legou à cidade um programa de férias robusto, que perdura beneficiando milhares de crianças a cada ano, garantindo-lhes diversão, aprendizado informal e segurança nos períodos em que tradicionalmente a escola se ausentaria. Essa ação complementa as demais realizadas durante o ano letivo, contribuindo para uma educação mais completa e uma cidade mais acolhedora para seus pequenos cidadãos.

Investimento Recorde em Educação: Aumento do Orçamento e Recursos

Contexto e Origem da Necessidade

As mudanças expressivas implantadas por Kassab na educação – expansão de vagas, obras, programas pedagógicos – só foram possíveis porque houve um forte aporte de recursos financeiros na área. Historicamente, a educação sempre disputou fatias do orçamento público com outras prioridades, e em São Paulo havia o mandato constitucional de investir pelo menos 31% do orçamento na manutenção e desenvolvimento do ensino. Porém, cumprir o mínimo legal nem sempre garantia atender às demandas reprimidas. Em 2004, antes de Kassab, o orçamento total da educação municipal era de R$ 3,6 bilhões. Diante do volume de iniciativas planejadas (creches, escolas, remuneração docente, materiais), era evidente a necessidade de elevar substancialmente os investimentos para a educação durante sua gestão.

Concepção da Solução Proposta

Kassab optou por priorizar a educação no planejamento orçamentário, ampliando significativamente os recursos destinados ao setor ano a ano. A ideia foi garantir financiamento robusto para todas as frentes de ação previstas, inclusive buscando fontes extras quando possível (parcerias com governo federal, uso de fundos especiais, etc.). Em termos práticos, a Prefeitura sob Kassab comprometeu-se a não apenas cumprir o índice de 31% do orçamento em educação, mas atingir níveis maiores conforme a receita municipal crescia, e canalizar verbas adicionais para programas específicos (como convênios de creche, construção de CEUs, etc.). Essa decisão política de investir pesado na educação visava assegurar que nenhuma das iniciativas estratégicas ficasse travada por falta de dinheiro.

Desenvolvimento e Execução da Política

Entre 2005 e 2012, observou-se um crescimento exponencial do orçamento da Secretaria Municipal de Educação. Em parte isso acompanhou a expansão geral do orçamento da cidade naquele período de crescimento econômico, mas principalmente refletiu a prioridade interna dada à pasta. Segundo dados divulgados, o orçamento anual da educação saltou de cerca de R$ 766,7 milhões em 2005 para R$ 7,3 bilhões em 2012, um aumento superior a 800%. Mesmo considerando possíveis diferenças metodológicas, outros levantamentos confirmam o grande incremento: o orçamento total da educação (incluindo todas as fontes) passou de aproximadamente R$ 3,6 bilhões em 2004 para R$ 8,1 bilhões em 2012. Ou seja, mais do que dobrou em termos reais ao longo do mandato.

Esse aumento financiou, por exemplo, a construção das 273 escolas e 25 CEUs, a contratação de milhares de novos professores e auxiliares, o reajuste salarial da categoria, a compra de milhões de livros e materiais pedagógicos, convênios com creches, além de programas inovadores descritos nos capítulos anteriores. A gestão Kassab também fez uso de mecanismos como o Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica, alimentado por transferências federais) de forma eficiente, garantindo complementação de recursos externos.

Importante ressaltar que, proporcionalmente, a fatia do orçamento municipal dedicada à educação se manteve em torno de 31% ou ligeiramente acima, cumprindo a lei orgânica municipal. Porém, como a arrecadação do município cresceu, esse percentual sobre uma base maior resultou em muito mais dinheiro em termos absolutos disponível para a educação. Kassab defendeu publicamente essa priorização, enfatizando que educação era investimento no futuro da cidade, e evitou contingenciamentos severos na área mesmo em anos de ajuste fiscal.

Impacto e Resultados

Os efeitos do aporte recorde de recursos se manifestam em todos os resultados já discutidos. Podemos destacar:

  • Viabilização das obras e ampliações: Sem o volume extra de investimento, não teria sido possível entregar tantas novas unidades escolares nem ampliar as creches conveniadas. O dinheiro foi traduzido em infraestrutura concreta e vagas para alunos, materializando as metas físicas estabelecidas.
  • Melhoria de insumos educacionais: Com mais orçamento, as escolas receberam mais e melhores materiais – kits escolares, computadores, equipamentos de laboratório, melhorias nas bibliotecas, etc. Os alunos foram beneficiados por esses insumos, financiados pelo caixa fortalecido da educação.
  • Cumprimento de pisos salariais e valorização: O aumento expressivo do gasto permitiu arcar com a folha de pagamento maior devido às contratações de professores e ao reajuste salarial de mais de 70%. A gestão conseguiu honrar esses compromissos financeiros, fundamental para manter as políticas de valorização.
  • Inovação e novos programas: Programas como o Ler e Escrever, Minha Biblioteca, Ampliação do tempo integral, entre outros, exigiram investimentos contínuos (ex: contratação de auxiliares, compra de livros, pagamento de monitores). O orçamento robusto deu margem para experimentar e implementar inovações pedagógicas sem sacrificar outras áreas.
  • Recorde histórico de investimento: O salto de 800% citado tornou-se emblemático – nunca antes a educação municipal contou com tantos recursos em valores absolutos. Esse recorde sinalizou à sociedade o compromisso da gestão com a área e criou uma base orçamentária elevada que, a partir de 2013, seria o novo patamar de referência (dificultando retroceder a níveis inferiores sem chamar atenção).

Legado e Continuidade

O patamar de investimento alcançado por Kassab moldou o cenário pós-2012. As gestões seguintes herdaram um orçamento da educação muito maior, o que se por um lado impôs o desafio de mantê-lo eficiente, por outro ofereceu condições melhores para atender demandas. Havia, claro, despesas fixas também maiores (escolas para manter, servidores para pagar), mas o município comprovou que era possível destinar somas significativas à educação.

A manutenção do investimento tornou-se pauta constante: a sociedade passou a cobrar que não se reduzisse a fatia da educação. Em 2015, por exemplo, discussões sobre orçamento ainda lembravam que São Paulo havia duplicado a despesa em educação nos anos anteriores e precisava preservar esse ganho para cumprir metas (como as de criação de mais vagas em creche por ordem judicial).

Em essência, Kassab fixou um novo piso elevado de investimento educacional, e retroceder seria politicamente difícil. Esse talvez seja um legado menos visível que a construção de escolas, mas igualmente importante: a ideia de que educação é prioridade orçamentária se consolidou. A continuidade de muitos programas e a absorção de gastos como os dos profissionais contratados dependia desse fluxo de recursos – e graças à ampliação feita, São Paulo pôde sustentar a maior rede municipal do país com qualidade crescente.

Conclusão

Entre 2006 e 2012, a gestão Gilberto Kassab promoveu uma transformação abrangente na educação municipal de São Paulo. Foram realizadas expansões históricas na oferta de vagas (do berçário à educação de jovens), melhorias na infraestrutura física das escolas, inovações pedagógicas e valorização dos profissionais, tudo isso sustentado por um aumento substancial de investimento público na área. Iniciativas como a construção de centenas de escolas e dezenas de CEUs, a criação de 150 mil vagas de creche – maior crescimento já registrado –, a eliminação das precárias escolas de lata e do turno da fome, e a implementação de programas pioneiros (Ler e Escrever, Minha Biblioteca, Ampliar, Inclui, entre outros) marcaram positivamente a história educacional da cidade.

Os impactos dessas políticas refletiram-se em dados concretos, como a melhoria do IDEB municipal e a redução de desigualdades de acesso, bem como em aspectos intangíveis, como o aumento da autoestima de educadores e alunos e o fortalecimento do vínculo entre escola e comunidade. Várias ações geraram recordes históricos ou feitos inéditos, seja em volume de obras, vagas criadas ou livros distribuídos, demonstrando a ambição e o alcance das realizações no período.

Importante ressaltar que o legado de Kassab na educação transcendeu seu mandato: muitas das estruturas construídas e programas implantados continuaram beneficiando a população após 2012, servindo de base para políticas subsequentes. Houve continuidade e aprimoramento em diversas frentes graças aos alicerces firmados durante 2006-2012.

Em síntese, as realizações de Gilberto Kassab na educação paulistana representam um conjunto de políticas integradas que melhoraram tanto a quantidade quanto a qualidade do ensino público municipal. Ao enfrentar desafios históricos – falta de vagas, baixa qualidade, necessidade de inclusão – com soluções criativas e investimento decidido, Kassab deixou uma contribuição significativa para que São Paulo avançasse na garantia de uma educação mais inclusiva, eficiente e de qualidade para suas crianças e jovens. Cada iniciativa detalhada neste relatório compõe parte desse avanço, e juntas elas retratam um legado de gestão pública voltado à transformação social por meio da educação.