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Balanço da Gestão

Resultados mostram recuperação dos Correios

Em entrevista, Carlos Fortner aponta que, nos últimos dois anos, a estatal deixou para trás uma situação caótica e registrou lucro pela primeira vez em cinco anos.

noticias | 16 dezembro 2018

Resultados operacionais mostram recuperação dos Correios

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A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos foi fundada em 1969, mas o serviço postal brasileiro remonta a mais de 350 anos, componente da história do Brasil. Vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, a empresa, que vivia em grave crise financeira, iniciou seu processo de recuperação em 2016 e conseguiu reverter o quadro de indicadores negativos, registrando lucro, pela primeira vez nos últimos cinco anos, da ordem de mais de R$ 650 milhões.

Em ação articulada com a gestão de Gilberto Kassab à frente do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, os Correios vêm progressivamente atingindo também outros objetivos, com dados operacionais também positivos, como mostra Carlos Roberto Fortner, que ocupou a presidência dos Correios, foi vice-presidente de Finanças e Controladoria, e atualmente é vice-presidente de Operações.

Na entrevista a seguir, Fortner aponta algumas das iniciativas adotadas nos últimos dois anos para reversão do quadro de crise e indica sua visão sobre o futuro do mercado postal e de encomendas e o papel dos Correios.

 

Uma questão sempre presente quando se fala nos Correios é a saúde financeira da estatal. Como está hoje a situação da empresa?

Os Correios, nos últimos dois anos, sob a orientação do ministro Gilberto Kassab, empreenderam um grande esforço de recuperação. Recuperação sob diferentes aspectos: de seu papel como empresa estatal estratégica, de sua capacidade e presença no mercado, de sua saúde financeira, de sua gestão administrativa. Esses esforços se iniciaram sob a gestão do ex-presidente Guilherme Campos, que fez um grande trabalho e iniciou esta ampla recuperação, a qual prosseguimos e aceleramos, junto com a diretoria da empresa, e que agora tem continuidade sob o comando do general Juarez Aparecido de Paula Cunha. Quando falamos em Correios, estamos falando em uma empresa com fortíssima presença nacional, identidade com o país, e mais de um milhão de encomendas entregues ao dia. Graças ao conjunto de esforços empreendidos por essas gestões, hoje é uma empresa com resultados positivos.

Tivemos lucro de R$ 667 milhões no balanço de 2017, o primeiro resultado positivo da empresa desde 2013. Significa que a empresa terminou sua transformação? Não. Está apenas começando.

Em 2016, quando se inicia a gestão de Kassab no Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, e do Guilherme Campos nos Correios, a empresa parecia inevitavelmente condenada ao fracasso, dado o resultado contábil negativo recorde de cerca de R$ 2,1 bilhões em 2015. Ou seja, tratava-se de uma empresa altamente deficitária, com índices de qualidade inferiores a de outros operadores logísticos nacionais e mundiais, inchada, desmotivada e ineficiente, que corria o risco de se tornar uma empresa estatal dependente do Tesouro Nacional – com todos os prejuízos que isto acarretaria ao contribuinte.

Hoje, passados mais de 2 anos de trabalho árduo, o cenário é completamente outro: temos indicadores bastante positivos, resultado de um processo de recomposição paulatino – a dizer que dada a dimensão desta empresa e o papel que ela exerce, não é algo que se constrói rapidamente – que inclui a receita de vendas da ordem de R$ 16 bilhões (um aumento de cerca de 7% frente a 2017), amortização de dívidas, fluxo de caixa em ascensão, redução de despesas em cerca de 5% quando comparamos a 2017 e, também, indicadores de qualidade operacional que batem recordes a cada mês.

Tivemos um resultado contábil positivo em novembro, números recém-apurados. Foram R$111 milhões acumulados e um EBITDA [lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização] inédito de 2,6%. Desde 2014 que não se viam meses consecutivos de EBITDA positivo e crescente. Isso é expressivo.

 

 “Temos diversos indicadores de avaliação da qualidade dos serviços prestados, e todos estão se revertendo em patamares bastante positivos”

 

Em linhas gerais, o que foi feito nesses dois últimos anos para que fossem atingidos esses resultados?

Foram diferentes iniciativas, como o aperfeiçoamento da gestão e reestruturação administrativa, além de uma arrojada e séria negociação com o quadro de empregados da empresa, visando, por exemplo, aperfeiçoar a gestão do Plano de Saúde e cobrir ‘rombos’ que tínhamos e que consumiam o caixa da empresa.

Esta negociação, mediada pelo TST, compatibilizou a realidade dos Correios com suas possibilidades financeiras e com padrões adotados pelo mercado e outras empresas públicas quando se fala em custeio do plano de saúde.

Ainda face à necessidade de reduzir custos, a empresa já lançou, até agora, dois Planos de Demissão Incentivada focados em áreas não produtivas, reduzindo o quadro em cerca de 8 mil pessoas. Um terceiro PDI está pronto para ser lançado em início de 2019.

É importante ressaltar, neste aspecto, o grau de maturidade atingido por esta gestão também nas relações empresa-empregado: 2018 foi o primeiro ano, desde 1994, em que um Acordo Coletivo de Trabalho foi assinado dentro da data-base e sem que houvesse deflagração de greve. Trata-se de uma conquista a ser comemorada!

De uma forma geral, a empresa encarou um detalhado plano de recuperação. Para aumentar a receita e manter a liderança no mercado de encomendas, os Correios reorganizaram suas áreas comerciais, eliminando-se redundâncias e dando maior clareza à sua estratégia de vendas. A empresa lançou uma nova política comercial, ajustou tarifas e criou uma área dedicada à gestão de canais de atendimento.

Ao mesmo tempo, implementou metodologia focada na redução de custos indiretos e adotou a metodologia do Orçamento Base Zero. A gestão imobiliária foi centralizada, abrindo o caminho para monetizar ativos. Ações foram tomadas para melhorar a qualidade das entregas e da experiência do consumidor, incluindo funcionalidades digitais e criação de novas áreas de planejamento da logística.

Que indicadores ou resultados o sr. pode destacar?

Operacionalmente, temos diversos indicadores de avaliação da qualidade dos serviços prestados, e todos estão se revertendo em patamares bastante positivos, tanto em encomendas, mensagens, operações de logística que a empresa presta e também serviços internacionais. O setor de encomendas tem grande destaque e podemos dizer que é algo no qual essa gestão tem apostado é nas mensagens, sem perder o foco, porém. No indicador de qualidade de entregas no prazo, tivemos uma evolução significativa.

Para se ter ideia, nosso IEPE – Índice de Entrega no Prazo (Encomendas) consolidou-se nos últimos meses acima dos 98% (de cada 100 encomendas, 98 são entregues dentro dos prazos estabelecidos), mesmo durante o pico do último Black Friday, quando atingimos o recorde de 1,8 milhão de encomendas tratadas em um único dia. Em 2015, por exemplo, este índice era de cerca de 86%. Também na qualidade operacional para as mensagens, que em 2015 estava em 90,9%, hoje passamos dos 92%, e evoluímos a cada mês. E se considerarmos nossa qualidade global, encomendas mais mensagens, o índice saltou de 87,71% em 2015 para 97,60% em 2018. Este índice chega a ser melhor que aquele dos mais importantes operadores logísticos mundiais.

Ao mesmo tempo, o volume de reclamações de consumidores caiu significativamente nos últimos meses. Isso nos mostra que nossos serviços estão sendo oferecidos com eficiência, ainda que nossos números sejam superlativos, como por exemplo as 507 toneladas de carga aérea transportada por dia, ou os cerca de 25 milhões de objetos postais distribuídos diariamente para os 5.570 municípios atendidos, abrangendo mais de 156 milhões de cidadãos brasileiros.

Os Correios também contribuem, por exemplo, com um projeto bastante importante do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, que é a implementação da TV digital, e contribuiu a distribuição de oito milhões de kits conversores para famílias de baixa renda terem acesso a esse serviço.

Mais importante ainda é que todos estes excelentes indicadores operacionais vêm acompanhados de bons indicadores contábeis e financeiros, como por exemplo a recuperação do Patrimônio Líquido, ou a inédita retomada na margem de lucratividade (EBITDA), onde há mais de 4 anos que não se viam resultados positivos seguidos, como nestes últimos 6 meses.

Como o sr. enxerga o papel dos Correios no momento atual do mercado postal e de encomendas e para onde vai a empresa?

Os Correios têm dois principais portfólios: o mercado postal e mercado de encomendas. Enquanto o segmento postal (que é um monopólio em contrapartida à obrigatoriedade constitucional de nossa presença nos 5.570 municípios brasileiros) encolhe de 10% a 12% ao ano, o segmento de encomendas, competitivo e não-monopolizado, cresce em torno de 10%.

Esse cenário decorre da revolução digital e da substituição da correspondência física pela eletrônica, além do crescimento do mercado de e-commerce, situações já muito presentes na América do Norte e Europa, e que se consolidam cada vez mais no Brasil. Apesar da crise econômica vivida no país nos anos de 2014 a 2016, que atrasou a velocidade dessa ‘transposição’ do mercado postal tradicional para o mercado de encomendas, não ficamos inertes: a empresa vem investindo em novas máquinas de tratamento e novos processos. Vem se ajustando, portanto.

E a gestão que empreendemos nos Correios nos últimos dois anos visou sempre racionalização e resultados. Para isso, promovemos mudanças no portfólio de produtos a partir de investimentos focados, austeridade e muito planejamento. Por exemplo, para melhorar o tratamento e a distribuição de encomendas, investimos em equipamentos de triagem e tecnologias de otimização de ativos logísticos, melhoramos os processos e a produtividade, requalificamos empregados e formatamos novos processos. Lançamos também novos negócios e parcerias estratégicas com a iniciativa privada que rentabilizam a infraestrutura dos Correios e contribuem para diluir seu custo fixo, como, por exemplo, o chip dos Correios Celular, que só nestes últimos 9 meses triplicou o seu número de usuários.

De que maneira a gestão do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações trabalhou nesses últimos dois anos junto à gestão dos Correios para a recomposição financeira da empresa?

Os Correios, como já mencionado, é uma empresa importante e estratégica para o país. Tem identidade com o Brasil, é a única empresa presente em cada um dos municípios deste país. E isso deve, sim, acontecer, até por obrigação constitucional, mas há que se ter indispensavelmente racionalidade, eficiência e sustentabilidade econômico-financeira. Pesquisas apontam que os Correios são a terceira instituição em que os brasileiros mais confiam, somente atrás da família e dos bombeiros.

Nesse contexto, saliento em primeiro lugar a gestão do Ministério completamente voltada à recuperação da companhia, à sua retomada financeira, à sua saúde, à sua operacionalidade. Tivemos diferentes ações de planejamento adotadas junto com a equipe do ministro Kassab, esforços empreendidos conjuntamente. Para se chegar aos bons resultados que hoje podemos ver, contamos com o engajamento do seu corpo de quase 106 mil empregados, com o comprometimento da diretoria e do Conselho Administrativo e com a articulação junto ao Governo Federal adotada com o Ministério.

É realmente possível uma empresa estatal ser eficiente e encontrar um caminho de racionalidade administrativa e entregar bons serviços e produtos à sociedade?

É notório que o país, para crescer e se desenvolver, não pode prescindir do papel da iniciativa privada, da ação empresarial, da livre iniciativa. E também de um Estado leve e eficiente. Nisso acreditamos, e creio ser esta uma visão que aponta para os próximos anos de desenvolvimento do Brasil. Não se pode aceitar mais que uma empresa pública, presente em todos os cantos do país seja ineficiente, pesada, enfim, que não funcione. Neste sentido, precisa ser feito o debate sobre a eficiência estatal ante o papel da iniciativa privada. Sem dúvida alguma é possível o serviço estatal ser eficiente, e podemos apontar exemplos de bons serviços públicos funcionais e recuperados – e creio que este processo de retomada dos Correios é um caso desses. Apesar dos resultados operacionais, contábeis e financeiros agora em ascensão, a empresa precisa ter seu papel continuamente repensado, tendo em vista a evolução do mercado postal, o futuro do setor de entregas e encomendas, as possibilidades que os Correios têm para prestar seus serviços e a forma que ela pode se colocar. Tudo isto sem esquecer a enorme identidade que os Correios têm com o país, algo que está presente há mais de 350 anos no cotidiano do Brasil.

Fonte: PSD