Balanço da gestão
Sistema de alerta de desastres naturais teve apoio de Kassab
Em entrevista, Osvaldo Luiz de Leal de Moraes, diretor do Cemaden, diz que esforço de Kassab garantiu recursos para fazer frente a demandas no MCTIC.
noticias | 17 janeiro 2019
O Centro Nacional de Monitoramento e Alerta e Desastres Naturais (Cemaden) é uma entidade vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) com atuação em diferentes frentes, e tem ganhado relevo nos últimos anos, consolidando rede de prevenção a desastres.
Na entrevista a seguir, Osvaldo Luiz de Leal de Moraes, diretor do Cemaden, traça um breve panorama do trabalha do órgão, aponta sua relação com o MCTIC sob a gestão de Gilberto Kassab.
Que grandes ações vêm sendo desenvolvidas pelo Cemaden e como avalia que a instituição pode avançar?
O Cemaden é a instituição oficial responsável pela emissão de alertas de desastres naturais que afetam a população brasileira. O país, ao longo das últimas décadas, foi impactado com um crescimento de mais de 100% no número de eventos que causam fatalidades e perdas econômicas. Estas perdas são mais sensíveis para as populações mais vulneráveis. A emissão do alerta com um tempo suficiente para ações preventivas tem como condicionantes o avanço do conhecimento científico e de uma robusta rede observacional. O Brasil, até a criação do Cemaden, tinha o conhecimento restrito ao meio acadêmico e não possuía rede observacional adequada. Então, desde 2011 avançamos muito nestes quesitos. Uma segunda etapa vai requerer a ampliação dos recursos humanos e um adensamento da rede observacional.
A instituição atua em diferentes frentes, a começar pelo monitoramento e alerta de desastres naturais – como o próprio nome da entidade indica –, assim como na aferição de níveis hidrológicos e riscos de seca nos sistemas de abastecimento do país. Quais são as contribuições do Cemaden hoje ao país?
Desde 2011 o Cemaden emitiu mais de 8 mil alertas associados a riscos hidrometeorológicos. Eventos de alagamentos, enxurradas e deslizamento de encostas contribuíram para a redução de número de vítimas em mais de 50%. A seca, em outra escala de tempo, embora cause poucas fatalidades afeta a agricultura, o abastecimento humano, a navegação, a geração de energia elétrica, dentre outros. Neste sentido o Centro instalou no semiárido do país uma rede que monitora o impacto da seca e faz a previsão deste mesmo impacto na produção de alimentos daquela região. Mensalmente o Cemaden elabora os Boletins de Monitoramento e Impactos que são disponibilizados a diferentes Ministérios responsáveis por ações mitigadoras. Ainda, em relação à escassez de água, o Cemaden, semanalmente, traça cenários de níveis dos reservatórios, repassados ao MME [Ministério de Minas e Energia] e ao ONS [Operador Nacional do Sistema Elétrico], que são referenciais para a definição de ações estratégicas destes orgãos. Outra ação nesta mesma direção é o monitoramento, além de relatórios sobre os reservatórios usados para abastecimento humano, com destaque para o sistema Cantareira (responsável pelo abastecimento da Grande São Paulo).
A entidade desenvolveu, em parceria com o MCTIC, projeto-piloto de monitoramento de alerta de desastres que utiliza tecnologia de Internet das Coisas. Como se desenvolveu este projeto e como pode ser dinamizado?
Esse projeto possibilitou que ações que antes estavam restritas à difusão de informação para parte restrita da população fossem significativamente ampliadas, principalmente no componente ‘educação’. Os projetos do Cemaden Educação, antes restritos a três escolas no entorno de São José dos Campos, foram ampliados para mais de 30, em mais de sete Estados da federação.
O ministro Kassab tem características que são essenciais para quem trabalha com ele e sob a sua orientação: sabe ouvir, entende as demandas, dá autonomia e confia.
É notório que o desenvolvimento de pesquisas e o avanço das atividades de um instituto como o Cemaden demanda investimentos e recursos, e o país atravessou uma grave crise econômica e o ajuste fiscal empreendido pelo governo federal. Como se deu a gestão do Cemaden neste quadro e que avaliação faz da gestão do MCTIC que se encerrou em dezembro último?
O Cemaden, pela sua peculiaridade e especificidade, recebeu por parte do MCTIC atenção especial. O Ministério foi sensível à necessidade do Centro ter um orçamento que atenda à premência de haver contrato de manutenção para os sensores distribuídos no Brasil [sensores de monitoramento empregados pela instituição]. O Cemaden, através de esforço do ministro junto ao Ministério do Planejamento, conseguiu suplementação orçamentária para fazer frente a estas demandas.
Que avaliação o sr. faz, do ponto de vista de relação com institutos e unidades de pesquisa, da gestão do ministro Gilberto Kassab?
O ministro Kassab tem características que são essenciais para quem trabalha com ele e sob a sua orientação: sabe ouvir, entende as demandas, dá autonomia e confia.
Há uma grande interação entre o Cemaden e a estrutura de Defesa Civil no país. Como se dá esta relação e como o Cemaden vem contribuindo com a atuação destes órgãos?
Os alertas gerados pelo Cemaden são passados ao Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos (Cenad) que os retransmite às defesas civis estaduais e municipais. Além disso o Centro recebe periodicamente técnicos das defesas civis (das três esferas de governo) para ministrar treinamento bem como coorganiza eventos destinados a melhorar e integrar ações para redução de riscos de desastres.
Que avaliação o sr. faz da regulamentação do Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação, um dos legados da gestão do MCTIC encerrada em dezembro?
O novo Marco Legal possibilita uma ação menos burocrática pois ela dá uma conotação diferente à ação de pesquisa e desenvolvimento e de gestores públicos administrativos.
Fonte: PSD