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Mães trabalhadoras

Gilberto Kassab: mães trabalhadoras

No dia das mães, uma homenagem aos profissionais da Saúde, especialmente às mães médicas, enfermeiras, auxiliares, atendentes e funcionárias da limpeza que se expõe pela vida de vítimas da pandemia

noticias | 10 maio 2020

Gilberto Kassab: mães trabalhadoras

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Gina Dal Colleto nasceu em 1923, cinco anos depois que o vírus da Gripe Espanhola tinha matado um milhão de pessoas em todo o mundo. Hoje, com 97 anos, duas filhas e única sobrevivente entre 11 irmãos, dona Gina acaba de enfrentar e vencer o temível novo coronavírus. E junto com ele, de quebra, ela venceu também o velho vírus da influenza (gripe comum).

Parabéns, dona Gina, pelo estímulo, pela força e pelo exemplo de luta, neste Dia das Mães!

Dia criado por Anna Jarvis, que queria homenagear sua mãe, e ela mesma dedicara toda sua vida à caridade e atendimento aos combatentes da Guerra Civil norte-americana. Em 1907, logo após a guerra, Anna idealizou o Mother’s FriendShip – Dia das Mães pela Amizade. Um gesto que unia as famílias que tinham se enfrentado nos dois lados da guerra. Em 1910, o estado da Virgínia Ocidental oficializou o Dia das Mães, a ser festejado no segundo dia de maio; e o Congresso dos EUA aprovou e implantou essa data em todo o país. Uniu atos heróicos, lembranças de derrotas e vitórias, mas principalmente expressava o amor das  mulheres pela vida, pelo esforço de união de contendores pela convivência fraterna.

Hoje, mais de 80 países comemoram essa data. No Brasil, o Dia das Mães foi comemorado pela primeira vez em 12 de maio de 1918, na Associação Cristã de Moços (ACM), em Porto Alegre. E só após um decreto do presidente Getúlio Vargas, em 5 de maio de 1932, foi fixada, como nos EUA, no segundo domingo de maio. E até hoje é a segunda data mais importante para o comércio brasileiro, após o Natal.

Lembranças do espírito de conciliação e perdão que une as mulheres, guerreiras em todas as frentes de batalha, quer em trincheiras onde estiverem seus filhos, quer nos hospitais em luta mortal contra inimigos invisíveis. Mas sempre percebidos pelo coração e sensibilidade femininos.

Ao deixar o hospital onde venceu sua batalha, dona Gina foi aplaudida pelos profissionais de saúde. Também ganhou palmas da família, seis netos e cinco bisnetos. E, em Santos, cidade onde mora, está pronta para voltar a cozinhar e sair às compras. Maria Helena, uma de suas filhas, de 59 anos, igualmente infectada, também enfrentou e venceu a doença.

Neste Dia das Mães, quando os mortos pela Covid-19 já chegam a mais de 10 mil brasileiros, rendemos aqui nossa homenagem aos profissionais da Saúde e, especialmente, às mães médicas, enfermeiras, auxiliares e atendentes, funcionárias da limpeza, um exército de mulheres que se expõe pela vida de milhares de atingidos pela pandemia.

Com mais de 160 mil infectados, e diante da falta de insumos básicos, respiradores, equipamentos e leitos de UTIs, o Brasil já tem uma boa ideia das reformas, organização e ampliação do SUS; da necessidade de mais investimentos em pesquisa e formação de profissionais de saúde; de integração regional de sua rede de hospitais e unidades de atendimento.

Com a importância da higiene na prevenção de doenças, não se pode mais adiar as obras em saneamento básico, água e esgoto, principalmente nas periferias das cidades, onde vivem os que mais precisam do SUS. Vivemos dificuldades, num continente chamado Brasil, que clama pela nossa união, pela soma de esforços dos três poderes da República. Sem batalhas eleitorais intempestivas e fora do contexto.

Que este Dia das Mães nos aproxime todos da luta pela vida, pela reflexão e solução dos graves problemas a serem enfrentados, agora e após esta batalha que será longa, complexa e difícil. E persistam depois da passagem da Covid-19. Que a humildade, coragem, a lucidez, persistência e muito amor – qualidades e sentimentos que as mães nos passam, coração a coração desde pequenos – nos mantenham sempre unidos, esperançosos e com o espírito da superação e da vitória.

Como dona Nair Torres Santos, de 101 anos – outra idosa que saiu curada e aplaudida, após ser internada num hospital da zona norte do Rio, passar 5 dias na UTI e 3 dias depois ir para a casa. Que seja nosso exemplo essa centenária Mãe Batalhadora.