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Eleições

"Teremos nomes ao Planalto e a governador"

Em entrevista ao Diário do Grande ABC, o presidente do PSD Gilberto Kassab fala sobre a performance do partido nas eleições municipais. "Crescemos muito. Somos um partido novo, com propostas e boas lideranças, com espaço para que essas lideranças possam crescer".

arquivos | 07 dezembro 2020

Kassab: “Teremos nomes ao Planalto e a governador”

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Presidente nacional do PSD, o ex-ministro Gilberto Kassab não esconde a felicidade com o desempenho do partido nas urnas nestas eleições municipais. A legenda alcançou 652 prefeituras, se consolidando como uma das grandes forças nacionais. A performance animou tanto Kassab que ele já lançou candidatos a presidente e a governador de São Paulo na eleição de 2022 pela sigla, sob alegação de que o eleitor se afastou de discursos extremistas e de ruptura. No Grande ABC, exaltou liderança de filiados, mas rasgou elogios ao prefeito reeleito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), que já foi pessedista no passado.

Como o senhor analisou os números obtidos pelo seu partido nas eleições municipais deste ano?
São algumas leituras que precisam ser feitas. Não há apenas essa questão de maior número de prefeituras. Se você olhar em número de votos para prefeito, atingimos 10,5 milhões no primeiro turno. O PSDB chegou a 10,7 milhões, incluindo os votos no Bruno (Covas, prefeito reeleito de São Paulo, maior colégio eleitoral do País, com 8.886.325 eleitores). O MDB obteve 10,8 milhões. É um estrato importante de ser feito. Ficamos empatados em primeiro lugar em número de prefeitos e, em número de votos nos prefeitos, em terceiro. Crescemos muito. Somos um partido novo, com propostas e boas lideranças, com espaço para que essas lideranças possam crescer. Tivemos oportunidade, nesses primeiros anos de vida do PSD, de cuidadosamente fazer convite para que pessoas certas viessem para o partido. Acabaram vindo pessoas que gostam da política com ‘P’ maiúsculo. Elas sabiam que tinham espaço para fazer partido de acordo com relações institucionais, com propostas, com convicções. Tudo isso fez com que, em 2012, a gente já nascesse na primeira eleição com dimensão bastante razoável. Crescemos em 2016 e ainda mais em 2020. Mostra que estamos no rumo certo, aproveitando a condução do partido novo com espaço para pessoas virem, com espaço de crescimento.

No Grande ABC, o PSD tem a vice-prefeitura de São Bernardo, foi ao segundo turno em Diadema e por pouco não vai ao segundo turno em Mauá. Qual análise dos quadros na região?
Partido está consolidado na região. Em todas as sete cidades está com força de mobilização bastante grande. Veja a importância que o próprio Paulinho (Paulo Serra, PSDB, prefeito reeleito de Santo André) deu ao longo da campanha para participação do PSD. Em São Bernardo a mesma maneira, teve participação importante. Em Mauá, surgiu grande líder, o (ex-juiz) João (Veríssimo), que por muito pouco não foi para o segundo turno (por 655 não superou Marcelo Oliveira, PT, eleito prefeito de Mauá no segundo turno). Em Ribeirão Pires, temos aliança importante com o (Adler) Kiko (Teixeira, prefeito de Ribeirão e que perdeu a reeleição). Ele é grande líder, compartilha essa dimensão política com PSDB e PSD. Em Rio Grande da Serra temos aliança com o atual prefeito (Gabriel Maranhão, Cidadania) e tivemos uma boa candidata (Marilza de Oliveira, PSD), acredito que temos lá um grupo estruturado. Em Diadema, o Taka (Yamauchi, PSD) por pouco não ganha a eleição, é um belo quadro. Até em São Caetano chegamos em posição bastante privilegiada na eleição e por muito pouco não ganhamos, com o Fabio (Palacio, PSD).

Sobre o vice-prefeito de São Bernardo, Marcelo Lima, o senhor acha que ele será candidato a prefeito em 2024? E qual futuro o senhor vislumbra para Veríssimo e para Taka?
O Marcelo foi candidato a deputado federal nas últimas eleições (em 2018) com grande votação (53.933). Tem tido sabedoria ao saber que qualquer que seja sua decisão ele compartilha com Orlando Morando (PSDB, prefeito de São Bernardo). Difícil fazer afirmação agora. Mas evidente que vice-prefeito pela segunda vez, estando em um partido importante, sempre tem condições de se eleger prefeito. É legítimo que tenha aspiração. Partido sempre dá essa abertura. O João é muito inteligente, bem preparado. Em pouco tempo se revelou grande líder. Muito possivelmente vai esperar a poeira assentar para saber se pleiteará cadeira na Assembleia Legislativa ou na Câmara dos Deputados. Isso se ele quiser. E, na minha impressão, é que vai querer. O Taka é um belo quadro do partido. É nosso presidente em Diadema há muitos anos, fez campanha muito competente. Antes, só o PSD via nele o grande talento que é. Agora todos veem pelo resultado que teve (chegou ao segundo turno e foi superado pelo petista José de Filippi Júnior). Pela visibilidade que atingiu, terá muito mais facilidade pela frente.

O Taka tem dito que pode deixar o PSD por não se sentir valorizado como outras lideranças do partido em meio à eleição…
Ele é grande quadro, vamos conversar com ele. Há frustração em qualquer partido quando não se pode ajudar da maneira como gostaria. Ele merece todo nosso respeito, seriedade, trabalho na campanha. Tenho certeza que ele se transformou em líder da cidade de Diadema, que tem importância ímpar na Região Metropolitana de São Paulo.

O senhor acredita que necessariamente esse trio precisará estar nas urnas em 2022 se quiser concorrer às prefeituras de suas cidades em 2024?
Participar de eleições é importante. Cria vínculo com eleitor, identidade, relação mais próxima. Sempre recomendo.

Paulo Serra foi reeleito com expressiva votação em Santo André e já pertenceu aos quadros do PSD. O senhor sonha com o regresso dele à sigla?
Eu brinco que ele está emprestado ao PSDB (risos). Mas tenho que tomar cuidado porque posso ser desrespeitoso. Onde ele (Paulo Serra) estiver terá respeito e parceria conquistados pelo estilo, pela formação política e pela moral. Não é condição de ele estar no PSD para estarmos juntos. Qual partido não gostaria de ter um quadro da qualidade do Paulinho? O que falo é que não posso perder essa fama que tenho de ser um head hunter (termo em inglês para caçador de talentos) .

O senhor tem dito que, dado o resultado eleitoral deste ano, está na hora de o PSD ter candidato a presidente em 2022. Como se dará esse processo?
Temos potenciais candidatos que vamos começar a circular pelo Brasil e lembrar o nome deles para que possam efetivamente ser considerados como cabeças de candidatura própria. Queremos candidatura própria. No Senado são dois, o (Antônio) Anastasia (de Minas Gerais) e o Otto Alencar (Bahia). Na Câmara dos Deputados, Fábio Trad (de Mato Grosso do Sul) e André de Paula (de Pernambuco). Tem o governador Ratinho Júnior (do Paraná). Tem o prefeito (Alexandre) Kalil de Belo Horizonte (em Minas Gerais). São bons nomes.

O crescimento de partidos de centro tem qual simbolismo para a eleição de 2022 depois de uma corrida presidencial tão polarizada entre dois extremos?
Ele pode ser sinalizador. O eleitor, na grande maioria das cidades, quando comparou candidatos, deu preferência aos moderados. Se afastou de quem pregou ruptura com o campo local. Essa linha de raciocínio pode ser feita no plano nacional. Eleitor percebeu a importância de fazer política, olhou diferente para o muito radical. O eleitor deu o tom do que ele quer.

O presidente Jair Bolsonaro é um quadro que está na mira do PSD para 2022?
Não é que nos interessa. Pelas condições que estamos traçando de candidatura própria, com quadros oriundos do partido. Temos muito respeito pelo presidente. Mas vejo que o caminho do presidente Bolsonaro é um pequeno partido, que possa assumir a postura de direita na política. O PSD é de centro.

O senhor conversou com ele a respeito?
Não tivemos essa conversa. Vejo que os partidos menores sonham em ter o presidente para crescer com a figura dele, o que é legítimo. Está entre Patriota, o PSL, crescendo esses partidos e tornando-os partidos de direita. Ou PP, que também está próximo, que deixaria de ser centro-direita para ser de direita.

O senhor acha que o Centrão, o maior vencedor das eleições municipais, está estigmatizado na política nacional?
Para mim é difícil falar do Centrão porque somos do centro. Centrão é de centro, mas o centro não é o Centrão. Partidos de centro como nós, o DEM e o PSDB não são do Centrão. O centro, onde o Centrão também integra, foi valorizado pelos eleitores. Majoritariamente preferiram candidaturas de centro. Na eleição municipal discutem-se os problemas locais. O resultado foi fruto de liderança local e identidade com eleitor da cidade. Fui candidato à reeleição a prefeito de São Paulo em 2008, E o (ex-) presidente (Luiz Inácio) Lula (da Silva, PT) vinha toda semana fazer campanha para Marta (Suplicy, então no PT). E o Lula estava no auge. Lula também perdeu com ela. Dois anos depois, o Lula fez a Dilma (Rousseff, PT) presidente (da República). A questão local é diferente. Lembra do Geraldo Alckmin (PSDB)? Ganhei dele em 2008 para prefeitura de São Paulo. E, em 2010, ele venceu para governador no primeiro turno.

O senhor foi convidado pelo governador João Doria para chefiar a Casa Civil no Estado, mas não assumiu diante do avanço de inquérito que apura se o senhor recebeu verba irregular da JBS. Pretende assumir a função passadas as eleições municipais?
Eu me licenciei pelos inquéritos de natureza eleitoral. Achei adequado eu aguardar o desfecho dos inquéritos. Com isso, me dediquei à questão partidária. Essa é a tendência (seguir afastado).

Em que pé estão as investigações contra o senhor? O que seus advogados lhe informam?
Estão caminhando, no momento certo vou ser ouvido, tenho todas explicações. Tenho respeito pelo Ministério Público, pelo Judiciário, que têm papel de investigar as denúncias que chegam. Eu fiquei prefeito de São Paulo por sete anos, fui ministro, parlamentar, tive vários inquéritos contra mim na minha vida. Esses não são os primeiros. Felizmente, todos esses inquéritos contra mim foram arquivados. Temos adversários na política. Quando eles não acham defeito, inventam.

Para o governo do Estado, qual o plano do PSD em 2022? A possibilidade de o PSDB não ter candidatura própria muda a estratégia?
Vamos fazer um trabalho para ter candidatura própria, mas ainda sem nomes. Sobre o PSDB, se não consigo nem responder a essa questão como presidente nacional do PSD, imagina pelo PSDB e pelo DEM. Creio que todos os grandes partidos vão se esforçar para ter candidatos.

RAIO X

Nome: Gilberto Kassab

Estado civil: solteiro

Idade: 60 anos

Local de nascimento: São Paulo

Formação: engenheiro civil, pela Politécnica da USP, e economista, pela FEA-USP

Hobby: futebol, em especial o São Paulo, ver filme, caminhar e estar com amigos e família

Local predileto: Clube Pinheiros

Artista que marcou sua vida: meus pais

Profissão: atualmente presidente nacional do PSD

Onde trabalha: no PSD nacional