Ciência e Tecnologia
Oceanos, Ciência e Tecnologia
Em artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo, em 03/08/2017, o ministro Gilberto Kassab, da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações fala sobre sua recente ida a Portugal para trocar informações sobre ciências e tecnologias voltadas para o mar. Em Lisboa, Kassab participou da conferência Uma Nova Era de Iluminação Azul, com vistas a fomentar a cooperação em ciências. E assinou a Declaração de Belém, que deverá ser referência para novas iniciativas de cooperação internacional em pesquisa científica nos oceanos.
arquivos | 03 agosto 2017
Brasil, África do Sul e União Europeia marcaram novo encontro recentemente. Em Lisboa foi realizada a conferência Uma Nova Era de Iluminação Azul, com vistas a fomentar a cooperação em ciências.
Tive a honra de assinar a Declaração de Belém, juntamente com meus colegas Manuel Heitor, de Portugal, Naledi Pandor, da África do Sul, e Carlos Moedas, comissário europeu para pesquisa, ciência e inovação.
A Declaração de Belém deverá ser referência para novas iniciativas de cooperação internacional em pesquisa científica nos oceanos. Constituirá caminho seguro para o objetivo ideal de “um só oceano Atlântico”.
O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações já vem participando ativamente do Centro Internacional de Pesquisa no Atlântico, demonstrando os esforços que países atlânticos têm realizado rumo à integração.
A Declaração de Belém deverá ser referência para novas iniciativas de cooperação internacional em pesquisa científica nos oceanos. Constituirá caminho seguro para o objetivo ideal de um só oceano Atlântico.
Em novembro próximo, o Brasil sediará uma nova reunião sobre o tema. Recebi boas indicações, tanto da África do Sul quanto da União Europeia, acerca do interesse em ampliar as parcerias já existentes para a promoção de uma interlocução mais fluida entre governos e cientistas.
O comissário europeu chegou mesmo a informar que deverá propor o financiamento de pesquisadores brasileiros atualmente não elegíveis para o recebimento direto de recursos comunitários.
A visita a Portugal, contudo, não se limitou aos encontros mantidos no âmbito da assinatura da Declaração de Belém. Pude verificar, em visitas a entidades governamentais e a empresas privadas, as excelentes oportunidades no campo da cooperação bilateral em ciência, tecnologia e inovações.
Pesquisas em sistemas de robótica e em nanotecnologia já operam uma significativa parceria com o Brasil. É o caso do Instituto de Sistemas de Robótica (ISR-IST), em Lisboa, e do Laboratório Ibérico de Nanotecnologia (INL), em Braga, entidades de ponta que se abriram à colaboração internacional.
No caso do INL, o Brasil, por meio de nosso ministério, disponibilizou R$ 800 mil para apoiar projetos colaborativos. Foram também concluídas negociações, em junho de 2017, e lançada a chamada de projetos no workshop do Sistema Nacional de Laboratórios em Nanotecnologia.
Não devemos desperdiçar as oportunidades de cooperação internacional que o Atlântico nos oferece. O oceano nos banha de identidade, progresso e ação.
Com Portugal, o oceano que nunca nos separou será sempre um tema de diplomacia científico-tecnológica. Pude também confirmar tal percepção na visita realizada à Escola Superior de Turismo e Tecnologias do Mar, em Peniche.
Ali se ensina como conectar de modo eficiente e produtivo a pesquisa acadêmica às demandas do mercado e do setor produtivo.
A nação portuguesa tem dado exemplos significativos nesse sentido, o que tem sido de grande valia para o que é realizado no modelo brasileiro.
Não devemos desperdiçar as oportunidades de cooperação internacional que o Atlântico nos oferece. O oceano nos banha de identidade, progresso e ação.
A sinergia com a África e a Europa deve ser continuamente buscada e aprimorada. É inevitável constatar o quanto somos irmanados pelo mar -e o quanto o mar nos oferece em termos de fortalecimento das nossas sociedades e economias.
Folha de S. Paulo, 03/08/2017