Balanço da Gestão
"Finep está pronta para auxiliar o desenvolvimento do País"
Em entrevista, Ronaldo Camargo, presidente da agência de financiamento de projetos científicos vinculada ao MCTIC, fala sobre os avanços obtidos nos últimos dois anos.
noticias | 10 dezembro 2018
Reestruturada e modernizada nos últimos dois anos, a Financiadora de Inovação e Pesquisa (Finep), agência de estímulo ao desenvolvimento com foco em ciência, tecnologia e inovação, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, vem reforçando seu apoio a projetos em diferentes áreas.
A afirmação é do presidente da entidade, Ronaldo Camargo, que, na entrevista a seguir, conversa sobre as linhas gerais da atuação da Finep e aponta a necessidade de investimentos em inovação, destacando a importância de que a entidade siga os rumos traçados nos últimos dois anos junto com a gestão de Gilberto Kassab no MCTIC.
Em linhas gerais, qual foi o trabalho desenvolvido pela Finep nesses últimos dois anos? Qual foi a contribuição para o impulsionamento da economia do país?
Em pouco mais de dois anos, a entidade promoveu uma intensa reestruturação e, a partir da orientação do ministro Gilberto Kassab, buscou sua modernização e está mais sólida e profissional. Isso se traduz em algumas iniciativas como a otimização dos produtos e linhas de financiamento que a entidade disponibiliza, com condições mais atrativas de acesso aos recursos reembolsáveis. A Finep tem papel importante no impulsionamento do país. Após o ajuste fiscal que o governo empreendeu nos últimos anos, é um dos motores da retomada do crescimento.
Assim, ampliou sua presença no país com escritórios de representação e investiu na recuperação de créditos, com a instituição em 2017 do Refis da Finep. O objetivo é a recuperação de R$ 5,2 bilhões pendentes e já está em processo de recuperação para cerca de R$ 500 milhões. Foi feita ainda ampla racionalização de custos e do quadro de pessoal.
Mas destaco sobretudo uma grande iniciativa que é a maior captação internacional da história do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para a área de ciência e tecnologia. São recursos da ordem de 1,5 bilhão de dólares para alavancar esse segmento tão importante, absolutamente transversal ao desenvolvimento econômico, e que pôde se viabilizar pelo esforço conjunto entre a gestão do ministro Gilberto Kassab no MCTIC e Finep, e que fará diferença nos próximos anos na estruturação de diferentes projetos. Esta parceria entre Finep, BID e MCTIC e esses recursos são fruto de gestão objetiva e vão permitir às cadeias produtivas se alavancarem. A sinergia entre a atividade produtiva e a criatividade fazem valer cada real investido.
E como o trabalho da entidade se deu em interface com a gestão do MCTIC, que se encerra neste mês de dezembro?
A gestão da Finep, com a presidência do professor Marcos Cintra, com a diretoria colegiada da entidade, corpo técnico de competência, também com minha contribuição, teve grande afinidade com a gestão empreendida por Kassab à frente do Ministério. Como mencionado na resposta anterior, tivemos uma ‘encomenda’ do ministro, de ter uma Finep mais moderna e inovadora – o que é também de certa forma metalinguagem, já que a entidade tem esta finalidade de dar impulso ao desenvolvimento da tecnologia, da pesquisa e também da inovação. Acredito que conseguimos, repito, grandes objetivos, e a solidez do que temos a apresentar se reflete em resultados financeiros como a geração recorde de caixa no ano de 2017 e lucro apurado em 2018. E se a Finep fosse um banco, seria hoje a 18ª instituição bancária do País, em ativos de crédito, de acordo com parâmetros do Banco Central. Nosso ativo total é de R$ 18 bilhões.
Que iniciativas destaca entre as que a entidade desenvolve hoje?
É sobretudo interessante mencionar aquilo que a Finep apoia e o que passou a apoiar. E cito esta grande iniciativa conjunta entre BID, Finep e o Ministério, algo inédito, algo que vai permitir sem dúvida a alavancagem de diferentes projetos de pesquisa nos setores de ciência e tecnologia. Também o programa Finep Startup, lançado em junho de 2017, por meio de edital de seleção pública e em rodadas semestrais – aporte de até R$ 1 milhão a empresas de inovação. Mais de mil propostas de empresas já aderiram aos editais lançados pela entidade.
Outro programa fundamental, sintonizado com setor, que tende a impactar muito fortemente a economia brasileira e mundial nos próximos anos, o Finep IoT (Internet das Coisas), foi lançado neste ano de 2018, em julho, e conta com recursos da ordem de R$ 1,1 bilhão para aplicações em desenvolvimento urbano, saúde, indústria, agronegócio e outras áreas.
O Programa Inova Clima, desenvolvido em cooperação financeira com o KfW, banco estatal alemão de desenvolvimento, que prevê aportes da ordem de 4 milhões de euros para financiar inovação associada às energias renováveis, eficiência energética e aproveitamento de resíduos.
Destaco ainda o programa “Cidades Inovadoras”, lançado com o ministro Gilberto Kassab e o presidente Temer, no Palácio do Planalto, visando o desenvolvimento dos municípios nas áreas de saneamento e recursos hídricos, mobilidade urbana, eficiência energética e energias renováveis, sempre na perspectiva de financiamento a projetos inovadores.
A Finep também cumpre importante papel de apoiadora de programas desenvolvidos por unidades e centros de pesquisa, além de apoiar a pesquisa desenvolvida no ambiente acadêmico. Por exemplo, temos o programa ‘Finep Educação’, voltado a esta finalidade.
A parceria com o BID e o aporte de mais de US$ 1,5 para financiamento de projetos em ciência e tecnologia foi dos principais programas. Pode discorrer um pouco sobre esta iniciativa?
Este programa se chama ‘Inovar para Crescer’ e trata-se da maior operação de captação externa da Finep, a primeira tomada com garantia da União. É um empréstimo junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento, de 1,5 bilhões de dólares, e vai promover a produtividade das empresas brasileiras através do financiamento e consequente estímulo à inovação. Investir em inovação, apoiar essa estratégia produtiva é cada dia mais importante. Como já havia mencionado, trata-se da maior operação da história do BID na área de ciência e tecnologia, mas não apenas isso: acredito que deve ser celebrado e acompanhado de perto. Inovação é fundamental para o desenvolvimento.
Do ponto de vista da presidência da Finep, o que o Sr. vislumbra para os próximos tempos?
Acredito que a entidade cumpre papel muito importante, consolidado a partir da parceria estreita que teve com o ministro Gilberto Kassab, e sob a presidência do Marcos Cintra, e encerramos este ano dando sequência e executando esse conjunto de iniciativas que mencionadmos. Como diretor financeiro, agora ocupando a presidência da Finep, pude acompanhar o desenvolvimento dessas ações e tenho certeza que há um portfólio completo voltado ao estímulo do desenvolvimento econômico com foco em inovação, em pesquisa e tecnologia.
Como vê o papel da Finep em momento de ajuste fiscal e superação da crise econômica vivida pelo país?
É fundamental, o país teve de enfrentar e atravessar uma grave crise econômica, grande retração da atividade. Acredito que o país o fez com o Governo empreendendo um grande ajuste fiscal que envolveu cortes orçamentários e redução de despesas públicas. A Finep esteve neste contexto, mas sempre como um agente apoiador do empreendedorismo, fomentador do desenvolvimento. Acredito que, a partir deste próximo ano e para os próximos períodos – e teremos um novo governo, com novas diretrizes –, vamos ter novo ciclo de desenvolvimento. E a entidade tem papel fundamental como apoiadora deste processo de desenvolvimento. Vale lembrar que o país precisa ampliar o seu dispêndio em pesquisa e desenvolvimento. Hoje o país tem investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento da ordem de 1,2% do Produto Interno Bruto, e precisa perseguir o percentual de ao menos 2% do PIB, como afirma o ministro Gilberto Kassab. E a Finep, estruturada, modernizada e atuante, está aí para contribuir neste sentido.
Fonte: PSD