
Habitação
Transformações em Tempos Difíceis: A Gestão Kassab no Ministério das Cidades
Em um contexto adverso, a gestão se destacou pelo compromisso com o desenvolvimento urbano sustentável e a inclusão social.
acoes-gk | 09 junho 2025
Durante sua gestão à frente do Ministério das Cidades, entre 2015 e 2016, Gilberto Kassab assumiu a pasta em um dos períodos mais desafiadores da história recente do país, marcado por profunda crise econômica, queda de arrecadação, instabilidade política e crescente desconfiança institucional. Apesar desse contexto adverso, a gestão se destacou por sua capacidade de articulação política, eficiência na gestão administrativa, compromisso com o desenvolvimento urbano sustentável e a inclusão social. A seguir, detalham-se as principais iniciativas e resultados alcançados sob sua liderança.
Logo ao assumir o cargo, Kassab imprimiu ao ministério uma filosofia de “portas abertas”, baseada em intensa interlocução com prefeitos, governadores, movimentos sociais, entidades técnicas, parlamentares e a sociedade civil. Essa prática resultou na valorização de fóruns como o Conselho das Cidades e a Conferência das Cidades, garantindo pluralidade na formulação e avaliação das políticas públicas. Esse modelo descentralizado, reforçado por um “Ministério itinerante”, com visitas constantes de técnicos e secretários aos estados, foi essencial para diagnosticar entraves locais e propor soluções customizadas, mesmo com recursos escassos.
No campo da habitação, Kassab conseguiu preservar a operacionalidade do programa “Minha Casa, Minha Vida” mesmo diante dos cortes orçamentários. Foram entregues 857 mil unidades habitacionais nas faixas 1, 2 e 3 entre 2015 e o primeiro semestre de 2016, beneficiando diretamente mais de 2 milhões de brasileiros. Em paralelo, promoveu a reformulação da Fase 3 do programa, criando uma faixa intermediária de atendimento para famílias com renda mensal de até R$ 2.300, o que ampliou o alcance social da política habitacional.
A modalidade “Minha Casa, Minha Vida – Entidades”, em que os próprios moradores, organizados em associações, gerenciam a obra, também ganhou destaque. O maior projeto dessa modalidade foi viabilizado na gestão Kassab: os conjuntos Novo Pinheirinho e Santo Dias, em Santo André (SP), totalizando 910 moradias construídas com autogestão popular. A ação, fruto de diálogo com movimentos como o MTST, consolidou um modelo inovador de política pública urbana participativa.
Na área de mobilidade urbana, a gestão garantiu investimentos estratégicos em diversas regiões metropolitanas. Foram apoiados 73 projetos de grande escala no Estado de São Paulo, como as linhas 6-Laranja, 15-Prata e 5-Lilás do Metrô, o monotrilho da Linha 17-Ouro, a Linha 13 da CPTM e corredores de ônibus em São Bernardo do Campo. Na Bahia, o Metrô Salvador e Lauro de Freitas teve seu ritmo de obras intensificado
, com a entrega de estações e trechos estruturantes.
Também foram realizados esforços significativos no apoio à pavimentação urbana, com cerca de 100 municípios recebendo aportes que totalizaram R$ 370 milhões; e em obras de drenagem, contenção de encostas e mitigação de desastres naturais. Foram mapeadas cerca de 150 intervenções prioritárias para municípios em situação de risco geológico.
O saneamento básico recebeu atenção especial. Através de um programa de financiamento inovador, o Ministério apoiou a Sabesp na superação da crise hídrica que afetou a região metropolitana de São Paulo em 2015. Com aproximadamente R$ 850 milhões viabilizados, foi possível realizar a interligação dos reservatórios Jaguari e Atibainha, ampliando a segurança hídrica para milhões de habitantes.
A modernização da máquina pública foi outro pilar da gestão Kassab. Foram implantados sistemas informatizados de acompanhamento de obras, processos e contratos, bem como promovida a revisão de procedimentos administrativos e maior integração entre as secretarias do Ministério. Essas medidas visaram garantir maior transparência, agilidade e controle de gastos, especialmente em um cenário de severas restrições fiscais.
Importa destacar ainda o esforço para regulamentar e operacionalizar aspectos do Estatuto da Metrópole (Lei 13.089/2015), incentivando a elaboração de planos metropolitanos integrados de mobilidade, saneamento e uso do solo. Foram publicados cadernos técnicos sobre acessibilidade, regularização fundiária e planejamento urbano com contrapartidas, ampliando a capacidade técnica dos municípios para acessar recursos e estruturar projetos de longo prazo.
Em síntese, mesmo num ambiente adverso, a gestão de Gilberto Kassab no Ministério das Cidades deixou um legado de pragmatismo, diálogo institucional, modernização da gestão e impacto concreto sobre a vida de milhões de brasileiros. Com foco em políticas estruturantes e execução responsável, contribuiu decisivamente para a consolidação de uma agenda urbana nacional mais eficiente, inclusiva e preparada para os desafios do século XXI.